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Sexo & Saúde
Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br
Álcool e cigarro
QUANDO VOCÊ estiver lendo este texto,
caro leitor, vamos completar quase
dois meses da "lei seca" no país. Os nú
meros iniciais indicam queda importante dos acidentes graves nas grandes cidades
e do movimento das salas de emergência de
hospitais do país. Seria motivo para comemorar. No entanto continuamos a ser informados, pelos jornais e pela televisão, quase que
diariamente, de acidentes fatais, em que o condutor estava visivelmente embriagado. Em
Florianópolis, por exemplo, no começo deste
mês, um triatleta de pouco mais de 30 anos,
que pedalava às 7h30 de um domingo, foi "atropelado" e
morto por um estudante universitário, de 21, que voltava alcoolizado de uma balada. Na mesma madrugada,
um jovem que se dirigia de moto para seu trabalho foi
atingido por um carro conduzido por um engenheiro de
27, também alcoolizado. Os dois foram presos em flagrante.
Na última sexta feira, aqui em São Paulo, fui a um conhecido karaokê na Liberdade, onde boa parte dos freqüentadores bebia bem. Cerveja, saquê e caipirinha
eram as bebidas preferidas. Arrisco dizer que pelo menos metade das pessoas bebia. Os estacionamentos, ao
lado da casa, estavam lotados dos carros dos fregueses.
Não vi nenhum táxi na saída nem nas proximidades.
Não ando com um bafômetro no bolso, mas posso dizer, tranqüilamente, pela fala arrastada e pelas atitudes
algo "inadequadas" na fila do caixa onde se paga para
sair, que muita gente estava, com certeza, além dos níveis de álcool permitidos para a condução de veículos. E
muita gente saiu da balada guiando. Apesar de normalmente não beber muito, fui de táxi e voltei de carona.
É impossível que a fiscalização nas grandes cidades dê
conta de todo o volume de gente que sai à noite e bebe.
Ela trabalha por amostragem e espera-se um efeito dominó. Por saber que existem blitze, as pessoas evitariam
beber e guiar. Mas um passo ainda mais importante seria a mudança de postura da população. Já disse aqui
neste espaço e repito: é muito difícil que uma mudança
de comportamento dessa dimensão aconteça da noite
para o dia. Mas é importante que ela comece em
algum momento. E cada um terá que fazer sua
parte.
Em tempo: um amigo carioca se surpreendeu com o fato de as pessoas poderem fumar no karaokê em São
Paulo. No Rio, graças a uma lei
municipal, ficou proibido o fumo em ambientes fechados.
Aproveitando que nossos candidatos a prefeito começam a desenhar suas campanhas, uma
pergunta: quais os planos para
São Paulo? Meu voto está declarado: proibição ao cigarro em locais
fechados.
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