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música
Festa cigana
Cantor doGogol Bordello fala do novo álbum e da paixão pelo Brasil
LUANA VILLAC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No último Coachella,
o descolado festival californiano, só
deu Gogol Bordello. Muita gente desistiu de ver a apresentação de
Björk para se juntar à massa
que delirava ao som da banda
punk cigana de Nova York.
Liderado pelo ucraniano Eugene Hütz, o grupo tem ainda
como integrantes os russos
Yury Lemeshev (acordeão) e
Sergey Ryabtsev (violino), o israelense Oren Kaplan (guitarra), o etíope Thomas Gobena
(baixo), o norte-americano
Eliot Ferguson (bateria), a tailandesa-americana Pamela Racine e a sino-escocesa Elizabeth Sun (percussão e dança).
O caldeirão cultural se reflete
no som da banda também, que
mescla música cigana com
punk rock, dub, metal, reggae e até tarantela, como é caso
do álbum mais recente, "Super
Taranta", seu quinto lançamento. Confirmados para tocar
no Tim Festival deste ano, eles
prometem fazer barulho. Confira entrevista com o vocalista.
FOLHA - Você está morando no
Brasil agora?
Eugene Hütz - Sim, estou no Rio,
em Ipanema. Mas vou me mudar para Copacabana. Eu não
sabia que Ipanema era tão chique -esse definitivamente não
é o meu tipo de lugar.
FOLHA - Por que você decidiu vir
para cá?
Hütz - Minha namorada é antropóloga e estuda a cultura
brasileira. Mas muitas coisas
aqui me interessam. A principal é o respeito do país pelas
práticas xamânicas e espirituais. A cultura ocidental racional me entedia. Também adoro
essa conexão que existe entre o
Brasil e a África e o fato de que a
música é uma parte essencial
da vida das pessoas aqui, não é
um hobby ou um luxo.
FOLHA - Em "Super Taranta" vocês
fazem uma referência musical à tarantela italiana. Por quê?
Hütz - O Gogol sempre vai ter
suas raízes na música cigana do
leste europeu, mas é fundamental para nós ir além e mergulhar profundamente em outras culturas. A tarantela é um
fenômeno musical incrível, que
é subestimado. Sua batida insana e a energia sexual e mística
que emanam dela me obcecam.
FOLHA - Onde você acha que estão
acontecendo coisas interessantes
no universo da música hoje?
Hütz - Basicamente por toda
parte, exceto no mundo anglo-saxão. Estou de saco cheio de
músicas em inglês. Eles já criaram coisas incríveis, mas agora ouvi-los é como fazer sexo
com alguém da sua própria família. Para mim, quanto mais
mistura, melhor.
FOLHA - Você está discotecando na
noite da Lapa. O que você toca?
Hütz - Estamos fazendo umas
festas muito loucas. Minha última grande descoberta foi o
frevo. Quando fui à Pernambuco, no carnaval, amigos brasileiros me disseram que só tem
uma coisa mais louca que Gogol Bordello: são as orquestras
de frevo. Eles estavam certos!
Mas isso me deu inspiração para criações ainda mais loucas...
SUPER TARANTA
Gogol Bordello
www.gogolbordello.com
Ouça: American Wedding
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