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Por que eu não gostei do CD
"Segundo Ato" deve funcionar ao vivo, mas falta impacto sonoro
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você vai ler este texto, já
vou avisando: não gostei do CD
do Teatro Mágico. E, antes que
você anote meu nome para digitar no Google e lotar meu e-mail/Orkut de reclamações,
vou tentar explicar o porquê.
A primeira vez que ouvi falar
em Teatro Mágico foi há uns
três anos. Um primo, que entrava na casa dos 20 anos, começou a falar animado sobre
um grupo "demais", que misturava música, circo, poesia etc.
"Tem gente que ficou umas três
horas na fila para comprar ingresso para o show", disse ele.
Outra vez que ouvi falar neles, que não fosse na mídia, foi
no metrô. Eram duas adolescentes, uma delas bem rebelde.
"Cansei de Teatro Mágico. Agora, quero coisas novas", disse.
É mais ou menos esse espírito que me tomou durante a audição de "Segundo Ato". Tentei
encontrar os questionamentos
políticos anunciados pelo grupo, mas fiquei frustrado. A sensação foi de "mais do mesmo".
Não que o "mesmo", em termos musicais, me agradasse. O
que realmente me impressiona
e admiro no Teatro é o fato de
terem criado uma estrutura
própria de divulgação, na base
do boca-a-boca. Além disso, o
conceito todo é uma ótima jogada artística/mercadológica.
Por um único ingresso, você ganha música, teatro, sarau e circo. E, além disso, você é tratado
como integrante de uma família legal, e não apenas como um
consumidor impessoal.
Ao vivo, o disco deve funcionar novamente. Mas, ouvir
apenas as músicas, sem os estímulos visuais e de experiência
coletiva, não causa impacto.
As músicas até que tentam.
Há a estrutura típica de álbuns
conceituais, vinhetas, interlúdios. Lembram desde Cordel
do Fogo Encantado e Secos &
Molhados a Chico Buarque e
Tom Zé -há até um rap. Nas letras o que chama a atenção são
os trocadilhos e um discurso
político básico, mais para impressionar do que criticar efetivamente alguma estrutura.
Na abertura, "Amadurecência" saúda os ouvintes, como se
fosse uma conversa. Lembra
"Os Saltimbancos", clássico infantil de Chico Buarque dos
anos 70. No geral, é essa a experiência que o Teatro provoca:
uma espécie de retorno à infância para jovens prestes a entrar
na vida adulta.
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