São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

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Escuta aqui

>>Álvaro Pereira Júnior
cby2k@uol.com.br

música

Não confie em ninguém com mais de 30 anos

SE VOCÊ OUVIU alguém com mais de 30 anos, que não seja nativo de língua inglesa, dizendo que gosta de Arctic Monkeys, duvide. Não é possível alguém dessa idade ter qualquer referência em comum com essa banda inglesa, liderada por Alex Turner, 21.
Os Arctic Monkeys vêm tocar no Brasil, no Tim Festival. Não consigo entender que apelo eles possam ter para as platéias daqui.
Minha avaliação sobre a banda se solidificou 100% depois de ler a entrevista de Turner na edição mais recente da revista britânica "Q". Qual o primeiro disco que você comprou, Alex? Oasis. Qual sua maior influência musical? Strokes. Deus do céu, Strokes, um grupo que estourou em 2001, há apenas seis anos!
Tudo bem, a gente sabe, os Arctic Monkeys sempre falaram dos Strokes. Mas é que, nessa entrevista, a gente vê que os horizontes musicais do menino realmente não passam disso. É só Strokes, Strokes, Strokes... Quer dizer então que Arctic Monkeys são uma porcaria, um engodo? É claro que não. Não é possível toda a crítica de música do mundo inteiro ter errado tão grosseiramente ao elevar ao caras ao panteão máximo do rock atual. Sem falar nos milhões de fãs que compram/baixam, avidamente, canções do grupo.
O que eu quero dizer é que, musicalmente, apesar do show energético que fazem, os Arctic Monkeys têm valor muito pequeno. E que o forte deles são as letras do prodígio Turner. Letras essas que, não adianta fingir, quem não é nativo de língua inglesa não entende, a não ser que acompanhe, ali, verso a verso, no encarte.
Portanto pode ser espanhol, francês, brasileiro, grego, o que for. Se você ouvir algum coroa dizendo que gosta de Arctic Monkeys, não bote fé. É só mais uma vítima da insaciável máquina britânica de hype, sobre a qual tanto temos falado em "Escuta Aqui".

CD PLAYER

PLAY - "THE SINGLES", THE CLASH
Saiu uma versão mais barata dessa caixa! "Tommy Gun", sozinha, tem mais força que mil Arctic Monkeys.

PAUSE - "SOUNDBOY ROCK", GROOVE ARMADA
Mais do mesmo. Ou, como diz um amigo mais mordaz, menos do mesmo.

EJECT - "THE REMINDER", FEIST
Em alguma língua nativa do Canadá onde essa cantora nasceu, a palavra Feist deve significar "chatice infinita".


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