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Escuta aqui
>>Álvaro Pereira Júnior
cby2k@uol.com.br
música
Não confie em ninguém com mais de 30 anos
SE VOCÊ OUVIU alguém com mais de 30 anos,
que não seja nativo de língua inglesa, dizendo que gosta de Arctic Monkeys, duvide. Não é possível alguém dessa idade ter qualquer referência em comum com essa banda inglesa, liderada por Alex Turner, 21.
Os Arctic Monkeys vêm tocar no Brasil, no
Tim Festival. Não consigo entender que apelo
eles possam ter para as
platéias daqui.
Minha avaliação sobre a
banda se solidificou 100%
depois de ler a entrevista
de Turner na edição mais
recente da revista britânica "Q". Qual o primeiro
disco que você comprou,
Alex? Oasis. Qual sua
maior influência musical?
Strokes. Deus do céu,
Strokes, um grupo que estourou em 2001, há apenas seis anos!
Tudo bem, a gente sabe,
os Arctic Monkeys sempre falaram dos Strokes.
Mas é que, nessa entrevista, a gente vê que os horizontes musicais do menino realmente não passam
disso. É só Strokes, Strokes, Strokes... Quer dizer
então que Arctic Monkeys
são uma porcaria, um engodo? É claro que não.
Não é possível toda a crítica de música do mundo
inteiro ter errado tão grosseiramente ao elevar ao
caras ao panteão máximo
do rock atual. Sem falar
nos milhões de fãs que
compram/baixam, avidamente, canções do grupo.
O que eu quero dizer é que, musicalmente, apesar do
show energético que fazem, os Arctic Monkeys têm valor
muito pequeno. E que o forte deles são as letras do prodígio Turner. Letras essas que, não adianta fingir, quem não
é nativo de língua inglesa não entende, a não ser que
acompanhe, ali, verso a verso, no encarte.
Portanto pode ser espanhol, francês, brasileiro, grego, o
que for. Se você ouvir algum coroa dizendo que gosta de
Arctic Monkeys, não bote fé. É só mais uma vítima da insaciável máquina britânica de hype, sobre a qual tanto temos falado em "Escuta Aqui".
CD PLAYER
PLAY - "THE SINGLES", THE
CLASH
Saiu uma versão mais barata
dessa caixa! "Tommy Gun",
sozinha, tem mais força que mil
Arctic Monkeys.
PAUSE - "SOUNDBOY ROCK",
GROOVE ARMADA
Mais do mesmo. Ou, como diz um
amigo mais mordaz, menos do
mesmo.
EJECT - "THE REMINDER", FEIST
Em alguma língua nativa do
Canadá onde essa cantora
nasceu, a palavra Feist deve
significar "chatice infinita".
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