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Circo
Nada de teatro mágico
Chega de palhaçada; a terceira geração circense monta em agosto, em São Paulo, sua tenda urbana
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE ANTUÉRPIA (BÉLGICA)
Andando de skate, jogando basquete ou
tocando música, eles
podiam ser você,
seus amigos ou os
amigos dos seus amigos. Os cinco acrobatas do elenco de "Traces", espetáculo que estará em
cartaz em São Paulo dos dias 13
a 24 de agosto, são definitivamente gente como a gente.
O espetáculo se passa num
abrigo subterrâneo onde os
performers Brad Henderson,
24, Héloïse Bougeois, 26, Will
Underwood, 24 e os irmãos Raphael, 21, e Francisco Cruz, 25,
estão trancados, na eminência
de um desastre. Para tentar
deixar seus traços ("traces", em
inglês) no mundo, usam o espaço e os objetos de que dispõem
para se expressar.
Eles então cantam, dançam,
desenham, andam de skate e fazem muitas acrobacias, em
uma combinação que vem sendo chamada de "circo urbano"
ou "a terceira geração do circo".
"Ser inovador não foi uma escolha consciente. Usamos uma
linguagem que tivesse a ver
com a gente", explica Shana
Carrol, uma das diretoras.
Ela é um dos "7 Dedos da
Mão", tradução para o português de "Le 7 Doigts de La
Main/7 Fingers", uma companhia circense formada por ex-membros do Cirque du Soleil.
Junto com os outros "seis dedos", Shana concebeu o espetáculo especialmente para os cinco jovens. "Eles queriam trabalhar conosco porque acreditavam em quem éramos como artistas e no que poderíamos trazer para o palco", conta a dançarina francesa Héloïse.
Trilhando um caminho oposto ao da idéia de perfeição que
passam as grandes produções
atuais, os performers de "Traces" não usam muita maquiagem nem vestem figurinos glamurosos, mas comportam-se
como pessoas reais, trazendo
ao palco um pouco de si e de
suas vivências.
As marcas pessoais podem
ser vistas durante todo o espetáculo, seja nas pequenas confissões feitas por seus protagonistas, seja na escolha do cenário ou da trilha sonora. O resultado é um show bastante moderno e espontâneo, que mistura música pop com arte circense e esportes de rua.
A coreografia inicial, por
exemplo, é desempenhada ao
som da banda americana Vast,
escolhido por Will, e lembra
bastante os movimentos feitos
no "le pakour" por aquela galera que pula bancos, carros e
grades enquanto se desloca pela cidade. A barra chinesa, um
dos pontos altos do espetáculo,
é executada por todo grupo ao
som de Radiohead.
A química da trupe é especialmente sentida nos momentos em que algo não sai como
esperado. Como humanos que
são, "Os Cinco Dedinhos da
Mão" eventualmente enfrentam problemas técnicos e cometem um deslize ou outro.
"Para mim um dos melhores
momentos do show é quando
algo dá errado. Não quando alguém se machuca, é claro, mas
quando erramos e temos que
fazer a acrobacia novamente. É
aí que mostramos que somos
um bom grupo. Fora que é sempre bom dar uma chacoalhada
no sistema", ri Francisco.
"Há uma mensagem no show
de que você pode fazer tudo o
que quiser se acreditar", revela
Héloïse. "Certa vez uma garota
veio nos agradecer pela música.
Disse que havia parado de tocar
porque achava que não era boa,
mas que agora voltaria a praticar. Ela entendeu que o que importa é se divertir." É exatamente isso que o elenco de
"Traces" que fazer.
TRACES
Onde: Citibank Hall ( av. Jamaris, 213, Moema, São Paulo, SP; tel. 0/xx/11-6846-6040)
Quando: entre os dias 13 e 17 e entre os dias 20 e 24 de agosto; quartas; quintas e sextas, às 21h30; sábados, às 17h e às 21h30; e domingos, às 16h e às 20h
Duração: 80 minutos
Censura: 12 anos; menores de 12 anos, acompanhados dos pais ou responsáveis legais
Quanto: de R$ 80 a R$ 160
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