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Artes visuais
Cores do submundo
Outrora considerados vândalos, 300 grafiteiros, fanzineiros e afins expõem suas obras em espaço cultural de Porto Alegre
JULIANA CALDERARI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM PORTO ALEGRE
No mesmo mês em
que um estudante
da faculdade de Belas Artes pixou a fachada da escola para apresentar seu trabalho de
conclusão de curso, grafiteiros,
fanzineiros e afins expõem sua
arte na exposição "Transfer",
em cartaz em Porto Alegre
(RS), que reúne cerca de 300
obras produzidas por artistas,
outrora considerados vândalos.
"Mauditos", um dos quatro
eixos da mostra, traz um pouco
da arte underground dos anos
1980 e 1990. Cartazes feitos por
MZK para clubes como o Columbia, que estreava seu after
hours, e shapes de skates com
arte de Billy Argel estão na lista.
O núcleo "Intervencionis-
tas"conta com fotos do site de
arte de rua LostArt, do fotógrafo Inácio Aronovich, e da revista Cemporcento Skate, especializada no assunto.
Gringos
Os estrangeiros estão representados na coleção "Beautiful
Losers". Entre os 27 artistas, há
nomes de peso como Larry
Clark, roteirista e diretor do filme "Kids", e o artista gráfico
Mike Mills, que já desenhou capas de discos dos Beastie Boys,
do Beck e de Sonic Youth.
Os artistas do núcleo "Street
Fine Art" grafitaram colunas e
painéis, distribuídos pelo prédio de estilo neoclássico.
O grafiteiro Nunca, destaque
da exposição, já pintou um castelo medieval na Escócia e recentemente pintou a fachada
da galeria londrina Tate Modern. Para ele, o trabalho da galeria completa o da rua.
"Na rua, muitas vezes não dá
para terminar um trabalho. Alguém apaga, escreve em cima
ou a polícia aparece. Na galeria
a pintura pode ser finalizada e
documentada", revela.
Mas fica pergunta: se é arte
por que polícia? "A arte de rua é
para todo mundo, mas não é
para qualquer um", explica o
grafiteiro.
A jornalista JULIANA CALDERARI viajou a convite da organização do evento.
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