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Ciência
Eu caminhei na Lua
Neil Armstrong, morto na semana passada, `levou' garoto a passear com ele no solo lunar, em 1969
ALCINO LEITE NETO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Eu tinha dez anos quando Neil Armstrong pisou na Lua, durante as férias escolares de julho de 1969. Naquela época, eu trabalhava meio período na farmácia do meu pai, numa pequena cidade de Minas. O salário era pequeno, mas me garantia algumas regalias, como poder comprar todas as HQs que quisesse.
Graças às revistas, eu já tinha visitado várias partes do Universo -inclusive Kripton. Mas tinha saído poucas vezes de minha cidade, que parecia longe de tudo e bem protegida do mundo, com sua cerca de montanhas.
Certa vez, fiz uma excursão com meus amigos até o topo de uma delas. Lá do alto, avistamos vales imensos. Eu me achei um garoto superpoderoso.
Lembro que meu primo Gabriel veio correndo à farmácia para me chamar para ver o pouso da Apolo 11. Larguei o trabalho e disparei até a casa da minha avó.
A TV era em preto e branco, e as imagens, muito ruins, tremidas, escuras. A gente custava a entender o que estava acontecendo, mas naquele momento a Lua deixou de ser para mim um mito, a comparsa dos lobisomens, uma ilustração infantil no céu, e se tornou um lugar como outro qualquer.
Um lugar muito distante, claro, mas onde se poderia chegar com a ajuda da ciência e dos foguetes.
Nos dias seguintes, meus novos heróis foram os tripulantes da Apolo 11. Eu queria ser astronauta, cientista e explorador intergaláctico. Queria flutuar no cosmos, dar pulos no satélite vazio e hastear ali uma bandeira. Imitei várias vezes os passos de Armstrong, praticando saltos cada vez mais arriscados nas estradinhas empoeiradas da minha cidade.
De certa forma, eu também caminhei na Lua.
"Eu queria ser astronauta, cientista e explorador intergaláctico. Queria flutuar no Cosmos, dar pulos no satélite vazio e hastear ali uma bandeira."
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