|
CAFUNÉ
Cidadão pra valer
CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA
Amanhã temos eleições para prefeito e para vereadores. Vou tomar a liberdade de contar como era quando eu era criança. A votação era uma novidade. Por conta da ditadura militar, não tivemos eleições municipais por 20 anos. As pessoas, meio ressabiadas, não entendiam se aquilo era pra valer ou não.
A primeira eleição de que eu realmente me lembro foi a de 1985, para prefeito. Meus pais entraram de cabeça na campanha, até o bolo de aniversário do meu irmão tinha o nome do candidato deles.
No ano seguinte, foi a eleição para governador, senadores e deputados estaduais e federais. Na escola, onde todas as crianças eram filhas de pais politizados, o debate eleitoral pegava fogo no recreio, com cada um defendendo seu candidato.
Sinto saudades dessa época. Saudades porque nós éramos pequenos, mas a política fazia parte do nosso dia a dia. Definir quem vai cuidar de nossa cidade pelos próximos quatro anos é assunto sério, de que ninguém deveria ficar de fora, nem as crianças.
Os adultos vivem dizendo que política é uma droga, que ninguém presta, que são todos corruptos. Eles esquecem que eles mesmos elegem esses fulanos. E que, quando os elegem, têm o compromisso de saber o que eles propõem, para depois poder cobrar.
Vamos fazer um trato? Perguntem a seus pais em quem e por que irão votar. Cobrem deles. Quem sabe assim eles se tocam da importância do assunto e, de quebra, vocês já vão aprendendo como é que é ser cidadão da maior cidade do país.
Texto Anterior | Índice
|