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Mudança de hábito
Veterinária treina animais e deixa os seus cativeiros mais parecidos com a natureza
Manuela Sgai/Arquivo Pessoal
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Cristiane alimenta Virgulino, em 1998; ele morreu quando o zoo teve um surto de mortes, em 2005
ANDRÉA LEMOS
DE SÃO PAULO
Quando era pequena, Cristiane Pizzutto, 40, disse ao pai que, um dia, iria ajudar o Virgulino. Esse gorila que morava no Zoológico de São Paulo desde 1972 a encantava. Cristiane cresceu, tornou-se veterinária e, em 1998, voltou para perto do macacão. Cumpria o que tinha dito ao pai.
Naquele ano, a médica de animais deu início a um trabalho de "enriquecimento ambiental", inédito no Brasil. Fez uma reforma no recinto onde o gorila vivia, para que ficasse parecido com uma floresta. Mudanças no ambiente e na forma de tratar os animais tentam estimulá-los para que eles voltem a se comportar de maneira mais natural, como se estivessem soltos. Isso melhora a saúde dos bichos, que passam a viver menos estressados.
O assunto ganha a atenção de muita gente. Dias 29 e 30 de setembro, a 3ª Conferência Brasileira de Enriquecimento Ambiental deve reunir 200 participantes, do país e do exterior, para trocar experiências sobre o que andam fazendo para dar qualidade de vida aos animais que vivem em cativeiros. O evento, na USP, é coordenado pela veterinária, que também é pesquisadora.
Depois de Virgulino, vieram morcegos, cavalos-marinhos, piranhas e outros bichos. Leia as histórias nas páginas seguintes.
1- O trabalho de Cristiane começou com Virgulino, do zoo de São Paulo; ele arrancava os pelos, vivia parado e jogava cocô no público.
2- O cativeiro ganhou arbustos, pedras e plataforma para deixar o gorila mais alto do que o público. A comida passou a ser escondida.
3- Na busca por alimento, Virgulino ficou mais ativo. Seguro na plataforma, aparecia mais e não jogava cocô. Deixou de arrancar os pelos.
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