CLARICE REICHSTUL
COLUNISTA DA FOLHA

O trem parte da estação da Luz às 8h30. Chegamos à bilheteria às 7h59. "Ainda dá tempo de comprar o bilhete?". Ufa, deu! "Vai logo, o trem parte daqui a pouquinho!"
Na porta do vagão prateado, um senhor de terno e quepe vermelho nos cumprimenta e indica nossos assentos. Está rolando um alvoroço na plataforma, um pessoal filmando aqui, uma equipe de reportagem acolá. O cameraman se posiciona ao lado da locomotiva para esperar o trem começar a andar. E ele começa. As crianças com as caras espremidas nas janelas dão tchaus afoitos para quem fica na estação esperando o trem para Guaianazes. O pessoal de fora é até bem efusivo e devolve os tchaus com braços erguidos.
O trem ganha velocidade, mas não muita. O passeio é lento, e o vagão está meio cheio. Famílias inteiras: pai, mãe, avó, primo, tia, sobrinha, um menino e seus irmãos mais velhos fazendo troça do resto do pessoal.
Os bancos são incríveis, o encosto é móvel, dá para escolher ir de frente ou de costas. Depois de uma hora e meia chegamos ao destino. O passeio por lá não importa muito, a graça é o trem. No fim do dia, voltamos à estação, temos mais uma hora e meia até a Luz. A família continua alvo de piada dos membros mais novos. Outros três à nossa frente jogam Uno. O sol se põe e vemos balões, pipas e aviões no horizonte. Quem quiser fazer essa viagem no tempo pode procurar pelo Expresso Turístico no site da CPTM. Vale a viagem.

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