São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008 | |
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Vale a pena saber DEU NA MÍDIA Geórgia, no centro da disputa entre EUA e Rússia
ROBERTO CANDELORI
Encravado entre o mar
Cáspio e o mar Negro, o Cáucaso se localiza no sudeste do
continente europeu, limite
entre Europa e Ásia. A região
ganhou status de área estratégica em razão das imensas
reservas petrolíferas do Cáspio. Suas principais repúblicas do sul, Armênia, Azerbaijão e Geórgia, converteram-se desde então em territórios
vitais para o escoamento
desse potencial energético.
Com a desintegração da
URSS (União Soviética) em
1991, essas repúblicas recuperaram a soberania e se tornaram nações independentes. Especialmente a Geórgia, cuja disputa política alternou-se entre partidários
da soberania em relação à
Rússia e simpatizantes do
alinhamento com Moscou.
Naqueles anos conturbados do fim da URSS, a então
região autônoma da Ossétia
do Sul, província separatista
de maioria russa, situada
dentro dos limites territoriais da Geórgia, declarou sua
independência. Com a recusa de Tbilisi, capital da Geórgia, o país mergulhou numa
guerra civil interrompida somente em junho de 1992,
com a intervenção da Rússia.
Moscou ocupou militarmente a Ossétia do Sul, garantindo proteção ao território.
A ascensão de Mikhail Saakashvili à presidência da
Geórgia em 2003, com a Revolução Laranja, rompeu a
frágil estabilidade regional e
trouxe de volta a questão da
integridade territorial georgiana. Decidido a enfrentar
Moscou para recuperar o domínio sobre a Ossétia do Sul,
Saakashvili ordenou a invasão da capital Tskhinvali.
Contava, é certo, com a solidariedade internacional,
além do eventual apoio dos
EUA e da UE (União Européia), mas não esperava uma
resposta tão rápida e violenta da Rússia.
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, ordenou que suas
tropas retomassem o controle da Ossétia do Sul e avançassem em direção a Tbilisi.
Nicolas Sarkozy, presidente
da França e da UE, preocupado com o agravamento do
conflito, apresentou um plano de seis pontos. Moscou
resistiu de início, mas concordou. Afinal, os russos
mantêm tropas na região e
garantem a integridade territorial da Ossétia do Sul.
A ousadia militar do presidente Saakashvili custou caro à Geórgia e ao seu principal aliado, os EUA. Washington busca ampliar sua influência no Cáucaso, insistindo na integração do país à
Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), contra as advertências da UE.
Com a crise georgiana,
Moscou reafirma a hegemonia na região e vai mais longe, ao referendar o separatismo na Ossétia do Sul e na Abkházia. Segundo a lógica de
Moscou, o Cáucaso continua
o quintal da velha Rússia.
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