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CARREIRA
Com estatística, atuário prevê risco antes de grandes decisões
Pouco conhecido, curso forma profissional apto a trabalhar com seguro e investimentos
DA REPORTAGEM LOCAL
Seguro de carro. Jovem paga
mais. Seguro de vida. Idoso paga mais. Quem calcula essa diferenciação de preço de acordo
com a idade e até o sexo são os
atuários. Pouco conhecidos, esses profissionais sabem mensurar quanto custam diferentes
tipos de risco, como acidentes
de trânsito, doenças, incêndio
ou se um determinado investimento vale ou não a pena.
A profissão é antiga, mas, no
Brasil, ainda há poucos cursos.
"Em geral, é uma profissão
pouquíssimo conhecida no
mundo", afirma Daniela de
Mendonça, presidente do IBA
(Instituto Brasileiro de Atuária). "Mas qualquer atividade
financeira que envolve risco
deveria ter um atuário."
Ele é um gestor de risco, segundo o professor da USP Luiz
Jurandir Simões de Araújo, da
graduação em atuária (como o
curso é chamado na instituição). "E eu costumo dizer que a
palavra risco significa eventos
adversos que podem impactar
uma empresa."
Ele cita como exemplo a falência de um estabelecimento:
"Quando uma empresa se desintegra, é uma bola de neve.
Mais pessoas desempregadas
influenciam em toda a economia do país. O padeiro vai vender menos pão, a manicure vai
fazer menos mãos, e por aí vai".
Segundo Araújo, com o tempo, o atuário se torna um profissional de alto escalão. "No
início, ele vai ficar só como auxiliar, mas, depois, quando ele
for um gestor de risco, trabalhará com a cúpula", diz ele.
"Porque ele participa da estratégia da empresa. O dono vai
ouvir o atuário antes de tomar
uma decisão importante."
O curso da USP foi extinto
em 1994 e recriado em 2006
(leia texto ao lado), e, hoje, 30%
da carga é voltada para estatística, a base do atuário.
"Ele é alguém que gosta de
matemática e tem habilidades
para lidar com finanças", afirma Narcisa Maria Gonçalves
dos Santos, coordenadora do
curso de Ciências Atuariais da
Uerj (Universidade do Estado
do Rio de Janeiro). Além disso,
ele deve saber escrever. "Não
são só números. O atuário dá
pareceres, precisa de uma boa
redação", diz ela.
Com cursos diurno e noturno, a Uerj formou a primeira
turma na área no ano passado.
"A demanda pelo profissional
cresceu com a modernização
da informática", diz a coordenadora. "Surgiram métodos
avançados para calcular riscos,
e hoje há novos programas."
Números
Matemática financeira, teoria matemática do seguro privado e do seguro social, contabilidade e expressão verbal são
algumas das disciplinas do curso da PUC-SP, por exemplo.
Foi essa carga de matérias ligadas a exatas que atraiu a universitária Karina Reis, 21. Ela
está no terceiro ano do curso da
USP e trabalha desde o segundo
ano. Hoje lida com seguro de
saúde. "É o setor de que eu mais
gosto na atuária."
Mas o ramo de opções do
atuário é grande: além de trabalhar em companhias de seguros, ele pode ser empregado em
empresas de previdência privada, bancos e em órgãos públicos, entre outros locais.
Embora não haja sindicato
que represente a classe, Daniela de Mendonça, do IBA, afirma
que o salário inicial de um recém-formado gira, no eixo Rio-São Paulo, em torno de
R$ 2.500 a R$ 3.500.
Mas, para poder exercer a
profissão, o graduado em ciências atuariais deve fazer uma
prova de certificação anual que
o IBA realiza -é uma espécie
de exame da OAB para os futuros atuários.
(LUISA ALCANTARA E SILVA)
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