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A SAÚDE PEDE SOCORRO
75% dos estressados reclamam de dor
Resultado faz parte de pesquisa realizada com 326 jovens de 16 a 18 anos em SP e em Porto Alegre
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sair de casa às 6h30, entrar
na sala de aula uma hora depois
e só voltar para casa às 20h, depois de um dia inteiro estudando. Assim era o dia-a-dia de Fábio Nascimento, 20, quando ele
estava na fase pré-vestibular,
em 2005. Com mal-estar, dores
de estômago e tenso, Fábio entrou em depressão e procurou
um médico. "Comia superpouco e já ficava enjoado", diz ele,
que conta ter piorado quando
chegou a época das provas.
Para continuar estudando
com concentração, ele teve de
tomar remédios contra a depressão -três vezes ao dia- e
se forçar a comer.
"Depois que passei no vestibular [ele faz veterinária na
USP], minha vida melhorou
300%", diz ele, que não toma
mais nenhum medicamento.
A história de Fábio é repetida
todos os anos por outros vestibulandos, que, ao mergulhar
nos estudos, se esquecem da
saúde. Os problemas decorrentes desse desleixo podem, inclusive, atrapalhar no dia do
vestibular -com a saúde debilitada, os alunos têm mais chance de ter branco ou mal-estar
na hora da prova.
Uma pesquisa inédita da Isma-BR (associação internacional que se dedica ao gerenciamento do estresse) mostra que,
de 326 jovens entrevistados
com 16 a 18 anos de São Paulo e
de Porto Alegre, 92% disseram
que o vestibular é um fator causador de estresse. Dentre os
sintomas de estresse relatados,
75% dos pesquisados têm alguma dor muscular e 82% sofrem
de ansiedade.
Segundo Ana Maria Rossi,
presidente da Isma-BR, "o estresse não é necessariamente
negativo". "Se o vestibulando
não tiver nada de estresse, quer
dizer que ele não está nada
preocupado com a prova, que
não tem importância para ele",
afirma. O principal, entretanto,
é saber gerenciar esse nível
de preocupação.
Dentre os fatores emocionais
que os entrevistados disseram
sentir quando estão estressados, 63% relataram ficar mais
irritados e 19% contaram ter
conflitos familiares.
Além disso, outro problema
que acomete muitos vestibulandos são os distúrbios alimentares -a maioria engorda,
mas há quem emagreça.
"A pessoa que não tem tendência a engordar simplesmente se esquece de comer", diz
Fernanda Fernandes, gerente
nacional do Vigilantes do Peso.
"Se eles são assim, os pais têm
que dobrar a atenção e ajudar
os filhos." Segundo ela, uma
forma de apoio é colocar um
sanduíche na mochila do filho.
Anny de Freitas, 18, sabe o
que é emagrecer mesmo sem
querer. No cursinho Etapa desde o início do ano, ela já perdeu
cinco quilos. "Passo o dia inteiro fora de casa, estudando no
cursinho, então, acabo comendo pouco." De 57 quilos, Anny
passou para 52.
Para os que engordam, a gerente do Vigilantes do Peso recomenda trocar o chocolate
por palitos de cenoura ou pepino. "O vestibulando deve saber
racionalizar o hábito", diz ela.
"É claro que chocolate gera
prazer, mas é simples achar que
só será necessário pensar em
dieta depois dos processos seletivos. Nós temos desafios a vida
toda, não podemos ficar postergando o cuidado com a saúde."
O endocrinologista Alfredo
Halpern, que atende a muitos
vestibulandos insatisfeitos por
estar engordando no ano de estudos, diz que o melhor é fazer
alguma atividade física. "O estresse já engorda, e, além disso,
os vestibulandos são sedentários. Se fizessem um esporte,
teriam melhora até no rendimento nos estudos."
"É importante que o vestibulando que apresente qualquer
problema busque um profissional", alerta Ariovaldo Ribeiro
Filho, presidente da Associação
Paulista de Homeopatia.
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