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INCÓGNITA
Bônus da USP desaponta ativistas
Para alunos da rede pública, os 3% oferecidos no programa de inclusão são insuficientes
DA REPORTAGEM LOCAL
Neste vestibular, os alunos
que cursaram o ensino médio
na rede pública de ensino vão
receber 3% de bônus nas notas
da primeira e da segunda fase
da Fuvest. Porém, a medida desagradou aos que lutam pela
causa da inclusão de jovens de
baixa renda e de afrodescendentes e indígenas na universidade pública.
"A USP está dando risada da
nossa cara com essa medida",
afirmou Zilá Ferreira, 26, militante da causa pela ONG Educafro. Desde 1998, ela vem
prestando vestibulares para o
curso de direito da USP, mas
não conseguiu uma boa colocação em nenhum dos exames.
No ano passado, não chegou a
prestar a prova e, agora, acredita que o bônus fará pouca diferença em seu desempenho.
De acordo com uma simulação realizada pela USP, o bônus
de 3% vai aumentar de 42 para
64 o número de aprovados da
rede pública no curso de direito. Ou seja, das 460 vagas oferecidas, os estudantes da rede pública conseguiriam 13,9%, e não
mais os 9,1% que conseguiam
anteriormente.
Em medicina, segundo a simulação, o número de alunos
vindos da rede pública passaria
de 22 (5,9%) para 35 (9,3%) do
total dos 375 convocados. Já
em engenharia passaria de 122
(14%) para 158 (18,2%), das 870
cadeiras disponíveis.
Tiago dos Santos Moreira, 19,
que fez todo o ensino em escola
pública, pretende cursar biologia na USP e, para ele, os 3%
também não fariam diferença.
"O que a USP fez foi um ponto
de partida, mas é insuficiente",
disse. "Isso vai ajudar muito
pouca gente da escola pública.
E até na escola pública tem
uma elite", diz.
A idéia do programa de inclusão da USP é aumentar o percentual de estudantes oriundos
da rede pública de cerca de 20%
para 30% no total dos candidatos. Mas em nenhum dos cursos mais disputados a porcentagem chega à desejada.
Com o bônus, os cursos que
ficariam com os maiores percentuais de estudantes vindos
da escola pública são ciências
da natureza na USP Leste
(76,7%), licenciatura em ciências exatas em São Carlos
(70%) e química (licenciatura)
em Ribeirão Preto (65%).
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