São Paulo, terça-feira, 30 de maio de 2006
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INCÓGNITA

Bônus da USP desaponta ativistas

Para alunos da rede pública, os 3% oferecidos no programa de inclusão são insuficientes

DA REPORTAGEM LOCAL

Neste vestibular, os alunos que cursaram o ensino médio na rede pública de ensino vão receber 3% de bônus nas notas da primeira e da segunda fase da Fuvest. Porém, a medida desagradou aos que lutam pela causa da inclusão de jovens de baixa renda e de afrodescendentes e indígenas na universidade pública.
"A USP está dando risada da nossa cara com essa medida", afirmou Zilá Ferreira, 26, militante da causa pela ONG Educafro. Desde 1998, ela vem prestando vestibulares para o curso de direito da USP, mas não conseguiu uma boa colocação em nenhum dos exames. No ano passado, não chegou a prestar a prova e, agora, acredita que o bônus fará pouca diferença em seu desempenho.
De acordo com uma simulação realizada pela USP, o bônus de 3% vai aumentar de 42 para 64 o número de aprovados da rede pública no curso de direito. Ou seja, das 460 vagas oferecidas, os estudantes da rede pública conseguiriam 13,9%, e não mais os 9,1% que conseguiam anteriormente.
Em medicina, segundo a simulação, o número de alunos vindos da rede pública passaria de 22 (5,9%) para 35 (9,3%) do total dos 375 convocados. Já em engenharia passaria de 122 (14%) para 158 (18,2%), das 870 cadeiras disponíveis.
Tiago dos Santos Moreira, 19, que fez todo o ensino em escola pública, pretende cursar biologia na USP e, para ele, os 3% também não fariam diferença. "O que a USP fez foi um ponto de partida, mas é insuficiente", disse. "Isso vai ajudar muito pouca gente da escola pública. E até na escola pública tem uma elite", diz.
A idéia do programa de inclusão da USP é aumentar o percentual de estudantes oriundos da rede pública de cerca de 20% para 30% no total dos candidatos. Mas em nenhum dos cursos mais disputados a porcentagem chega à desejada.
Com o bônus, os cursos que ficariam com os maiores percentuais de estudantes vindos da escola pública são ciências da natureza na USP Leste (76,7%), licenciatura em ciências exatas em São Carlos (70%) e química (licenciatura) em Ribeirão Preto (65%).


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