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HQ traz crônica de garota comum
Criada pelo carioca Fábio Lyra, "Menina Infinito" destoa das heroínas encontradas nos quadrinhos
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"O meu nome não é Menina
Infinito. Me chamo Mônica.
Menina Infinito é só o título
das minhas histórias. Não tenho poderes, não faço magia e
nem vim de outro planeta. Sou
apenas uma garota normal." É
com essas palavras que se apresenta ao leitor a personagem-título da recém-lançada história em quadrinhos "Menina Infinito", criação de Fábio Lyra.
Jovem, fã de música e cinema, simpática com os amigos,
mas sujeita a atitudes impensadas, Mônica, a protagonista,
destoa das personagens femininas mais comumente encontradas nos quadrinhos.
Em vez das belas formas de
uma super-heroína, aparece
uma moça um pouco acima do
peso. Saem de cena as batalhas
contra vilões pelo destino do
mundo e surgem as pequenas
discussões de um relacionamento amoroso, com as inseguranças que resultam daí.
"Queria fugir do fetiche, da
fantasia de um homem, de como ele quer que uma garota seja", diz o carioca Lyra, 32. "Quis
que ela agisse, pensasse e falasse como uma pessoa normal."
A personagem Mônica foi
criada em 2002 e apareceu em
um fanzine, "Alter(fan)nativo",
e em uma revista, "Mosh", antes dessa sua estréia em uma
HQ própria. Também é a primeira obra solo de Lyra, que, no
ano passado, participou com
uma história na coletânea "Irmãos Grimm em Quadrinhos".
O livro traz três HQs inéditas, além de uma introdução
metalingüística em que Mônica
se apresenta ao leitor.
As histórias mostram um
universo urbano, com metrôs,
cinemas e bares. Mônica e seus
amigos Pedro e Malu conversam sobre questões que vão de
relacionamentos amorosos a
canções, passando por amizades, filmes etc. Assim, há referências ao cantor inglês Morrissey, ao personagem Zé Pequeno (de "Cidade de Deus") e
a garotas que atualizam constantemente seus fotoblogs.
Em uma das histórias, Mônica e Pedro, que dividem um
apartamento, têm sua amizade
abalada quando a namorada
dele passa a ter atritos com Mônica. "São crônicas do dia-a-dia", define Lyra. "Não é uma
coisa inédita, há mais autores
brasileiros fazendo isso, mas a
maioria dos leitores ainda não
percebeu", completa.
O quadrinista nega que a personagem tenha sido inspirada
diretamente em alguém. "Não
houve pesquisa ou pretensão",
conta. "Ela não foi inspirada
em uma pessoa em particular,
surgiu naturalmente."
Talvez por isso mesmo, não
estranhe se você encontrar alguém como Mônica e seus amigos no seu cotidiano.
MENINA INFINITO
Autor: Fábio Lyra
Editora: Desiderata
Quanto: R$ 39,90 (120 págs)
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