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Morre Mestre Salustiano, "professor" do manguebeat
Músico "orientou" várias gerações em PE
DA AGÊNCIA FOLHA
Morreu ontem aos 62 anos,
em Recife, Manoel Salustiano
Soares, o Mestre Salu, um dos
maiores rabequeiros do país.
O músico faleceu por volta
das 7h30 no Procape (Pronto
Socorro Cardiológico de Pernambuco), vítima de arritmia
cardíaca provocada pela doença de Chagas. Ele estava internado havia uma semana.
Mestre Salu tinha a doença
de Chagas (que provoca alterações cardíacas) há cerca de 20
anos. Há 30 dias, o músico colocou seu terceiro marca-passo,
por conta do esgotamento da
bateria do anterior. O cardiologista Afonso Albuquerque, que
atendia Salustiano, disse que o
músico chegou a se recuperar
de outros episódios de arritmia
durante a semana, mas não resistiu ao último.
O velório ocorreu na Casa da
Rabeca, em Olinda, um espaço
criado por Mestre Salu há cinco
anos para dar "mais oportunidade a artistas populares", diz
Edielson de Souza, sobrinho do
rabequeiro e que faz parte da
administração da Casa.
Mestre Salu nasceu na cidade
de Aliança (94 km de Recife),
onde fundou uma associação
que reúne 102 dos maracatus
do Estado.
Souza conta que a rabeca fazia parte da vida de Mestre Salu
desde a infância. "Ele tocava
desde os sete anos com o pai,
João Salustiano", afirmou.
O músico era considerado
uma das maiores autoridades
em cultura pernambucana, e
era admirado por artistas de várias gerações, de Ariano Suassuna a Chico Science.
O sobrinho afirma que a fama
de Mestre Salu ser o "precursor" do "manguebeat" -movimento musical surgido na década de 90, em Pernambuco,
que realizava a fusão de ritmos
locais com o rock, o hip hop e a
música eletrônica- vem do fato de muitos artistas do movimento procurarem o rabequeiro "para fazer maracatu juntos". "Era como se ele desse aulas a Chico Science e Siba."
O ministro da Cultura, Juca
Ferreira, disse ontem, por meio
de nota, que Mestre Salu ensinou aos brasileiros "que a tradição da cultura popular não deve
se fechar aos novos meios e linguagens, por estar em constante movimento". "Seu diálogo
com as novas gerações permitiu que essa força não ficasse
estacionada no tempo", afirmou ainda o ministro.
O artista gravou quatro discos. O enterro está marcado para as 14h de hoje, no cemitério
Morada da Paz, em Paulista
(região metropolitana de Recife). Ele deixa mulher e 15 filhos.
(CÍNTIA ACAYABA)
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