|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Secretaria da Cultura cancela apoio a 4 longas
Nova decisão de concurso municipal exclui os que serão rodados fora da capital
Secretaria de Cultura de SP determina a júri da disputa "interpretação no sentido estrito do edital", que exige "vínculo cultural com a cidade"
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova lista de vencedores do
concurso de patrocínio a longas
de ficção promovido pela Secretaria Municipal de Cultura
de SP, divulgada ontem, exclui
os quatro títulos que terão suas
filmagens realizadas fora da cidade e mantém dois dos filmes
que motivaram a anulação do
resultado original.
O secretário Carlos Augusto
Calil impugnou no sábado passado, com publicação no "Diário Oficial", a decisão do júri,
que havia sido anunciada no último dia 14. Pelo concurso, a secretaria distribuirá R$ 5,6 milhões a 12 projetos.
Calil recebera denúncia, feita
por cineastas preteridos no resultado, de que o distribuidor
Jean-Thomas Bernardini
(Imovision), membro do júri,
possui contrato com dois dos
vencedores -"O Lixo Nosso de
Cada Dia", de Philippe Barcinski, e "Trabalhar Cansa", de Juliana Rojas e Marco Dutra.
Bernardini afirma que informou à secretaria sobre seu vínculo com os filmes. A Folha
tenta ouvir o secretário Calil a
respeito do assunto desde
quinta passada, sem sucesso.
Edital
A vitória de quatro filmes cujas tramas se desenrolam fora
de São Paulo também foi questionada pelos cineastas que pediram a impugnação do resultado. Eles argumentam que isso fere o artigo 1.2 do edital, que
diz: "Somente serão selecionados projetos com vínculos culturais com a cidade de SP".
"Lamento que tenha sido essa a decisão", diz Beto Brant, diretor de "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos
Lábios", cuja vitória foi cassada. O longa de Brant tem filmagens previstas em Rondônia.
"O personagem é paulista. É
uma visão do paulista sobre outro Estado, além de a equipe ser
paulista e haver a contratação
de serviços de pós-produção e
equipamento aqui", diz ele.
"Não tínhamos compreendido, de início, que os filmes classificados deveriam ser desenvolvidos ao menos em boa parte na cidade de São Paulo. Foi
um desencontro de informação. Isso nos levou a rever todos os casos", diz a poeta Renata Palottini, que presidiu o júri, integrado pelo escritor João
Silvério Trevisan, o diretor da
Cinemateca Brasileira, Carlos
Magalhães, e o jornalista Alcino Leite Neto, da Folha.
Segundo Palottini, as notas
que Bernardini atribuiu a todos
os concorrentes foram descartadas na nova reunião do júri,
realizada na segunda à tarde,
sem a presença do distribuidor
e após encontro dos jurados
com Calil e o secretário-adjunto, José Roberto Sadek.
Em nota divulgada ontem, a
Secretaria de Cultura afirma
que "orientou o júri para que
interpretasse o edital no seu
sentido estrito e levasse em
conta exclusivamente projetos
que mantenham vínculo com a
cidade de São Paulo".
Segundo a Folha apurou, o
júri da primeira reunião fora
informado pela secretaria de
que o critério de "vínculo cultural com a cidade de São Paulo" era opcional, e não obrigatório. Por isso, decidiu não considerar o critério na avaliação,
o que constou em ata.
Texto Anterior: Música: Nicolas Krassik toca no Sesc Pinheiros Próximo Texto: Crítica/artes plásticas/"Objetos Transitórios para Uso Humano": Reinvenção da performance dá força à obra de Abramovic Índice
|