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Em turnê de despedida, Alban Berg volta a SP
Uma das principais formações de câmara do mundo toca hoje e amanhã
No repertório, está peça de compositor que serviu de inspiração ao nome do quarteto vienense, além de obras de Haydn e Beethoven
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
É tempo de dizer adeus a
uma das mais relevantes formações de música de câmara
do planeta. Hoje e amanhã, o
Quarteto Alban Berg, de Viena,
faz duas apresentações de sua
turnê de despedida.
Embora, em geral, quartetos
de cordas atraiam menos público do que grandes orquestras
ou solistas virtuoses, os ingressos para ambas as apresentações estão esgotados.
E não é para menos: desde
sua estréia, em 1971, o Alban
Berg estabeleceu um novo paradigma de excelência para
quartetos de cordas. Às vezes, é
possível ouvir este ou aquele
membro atacar uma nota errada ou raspar o arco; mas, naquilo que em alemão se chama de
"zusammen musizieren" ("fazer música juntos"), eles são
imbatíveis.
Porque um quarteto de cordas é bem mais do que a soma
de quatro musicistas afinados e
talentosos. Os anos de convívio
solidificaram uma enorme sabedoria conjunta, baseada no
cuidado com a beleza sonora e
na preocupação com o entendimento do caráter das partituras
que são as características essenciais da escola vienense de
música de câmara.
Se é assim, então, por que parar? "Bem, nós estávamos já
próximos dos 40 anos juntos e
queríamos nos despedir ainda
em boa forma, enquanto podemos tocar bem", explica Günter
Pichler, primeiro violino do
grupo desde a fundação.
Na verdade, foi outro remanescente de 1971, o violoncelista Valentin Erben, quem manifestou o desejo de encerrar as atividades, há dois anos, devido
à morte de Thomas Kakuska
-violista do quarteto desde
1981 e que, ao lado do segundo
violino de Gerhard Schulz (que
entrou no quarteto em 1978),
ajudou a moldar a personalidade sonora do Alban Berg.
Kakuska morreu de câncer,
em 2005, e até o fim insistiu para que o grupo seguisse na ativa. Indicou como sucessora
uma aluna, Isabel Charisius,
que, nas apresentações que o
Alban Berg fez em São Paulo,
em 2006, demonstrou talento e
refinamento à altura do mestre
-mas a motivação dos veteranos para continuar acabou se
esmaecendo.
O programa de ambas as
apresentações traz a mescla,
bem característica do Alban
Berg, entre os clássicos vienenses e a música do século 20. "A
escolha do repertório de uma
turnê dessas é sempre difícil",
diz Pichler. "Queríamos obras
que fossem importantes e representativas." Assim, ao lado
do "Op. 77, nº 1", de Haydn, e do
"Op. 132", de Beethoven, o grupo executa o "Quarteto Op. 3",
de Alban Berg.
"No começo, havia alguma
resistência por parte do público
às obras modernas, mas, com
os anos, as pessoas que iam aos
nossos concertos para ouvir
Beethoven e Schubert acabaram por desenvolver um gosto
também pela música do século
20", conta Pichler.
QUARTETO ALBAN BERG
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, tel. 0/xx/11/3258-3344)
Quanto: R$ 70 a R$ 150 (ingressos esgotados)
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