São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

MEDICINA

O novo endereço de Miguel Srougi

Bruno Stuckert/Folha Imagem


O médico Miguel Srougi, 61, professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP e uma das maiores referências da área no país, está mudando de endereço: ele deixa o hospital Sírio-Libanês para dirigir um instituto de tratamento de próstata no hospital Oswaldo Cruz - e também coordenar a implantação, em três anos, de um centro de oncologia que pretende transformar em referência no país. A notícia teve o efeito de uma bomba no meio médico: Srougi trabalhava há 30 anos no Sírio. E já anuncia que pretende levar "os melhores" médicos do país para a sua nova empreitada, que detalhou à coluna:

 

FOLHA - O senhor está trocando o hospital Sírio-Libanês pelo hospital Oswaldo Cruz?
MIGUEL SROUGI
- Você vê que eu sou inquieto, né? Não tem jeito. Sou calmo por fora, mas por dentro sou inquieto. O Oswaldo Cruz é um tremendo hospital. Estou superfeliz lá.

FOLHA - Quais são seus projetos no hospital?
SROUGI
- São duas coisas: vamos criar um instituto de oncologia, que será muito qualificado e desenvolvido. E um instituto da próstata, que vai procurar atender o homem de uma forma mais abrangente. A próstata é uma coisa pequenininha, mas você não imagina os tormentos e assombros que ela causa no homem, tantas são as complicações que surgem quando o doente é tratado. Quem tem câncer e faz radioterapia às vezes lesa o intestino; o sujeito que faz cirurgia fica com disfunção sexual, incontinência urinária. E esse instituto vai ter uma equipe multidisciplinar, com urologistas, psicólogos, fisioterapeutas, radioterapeutas. O câncer de próstata atinge um em cada seis homens, de todos os níveis sociais. Você vê a toda hora gente ser atingida por essa doença.

FOLHA - E como será o instituto de oncologia?
SROUGI
- Eu vivo no limite do caos, da indigência, da indecência, com a Faculdade de Medicina [da USP], o meu consultório, os meus doentes, todo esse pessoal que me cerca. E o grande apelo, o encanto disso [a criação do instituto], para mim, é a chance de eu poder levar para lá até 60 médicos com formação humanística consistente, que estão começando a vida. E que você puxa para cima num centro que, se Deus quiser, vai ser referência no Brasil. Vou levar para lá os melhores de cada área e que queiram se incorporar a esse processo. Vai ter desde oncologia pediátrica até oncologia neurológica. O prédio começará a ser construído em três meses. Estou indo aos EUA e à Europa para visitar centros onde tenho amigos, com uma visão agora não de urologista, mas de alguém que tentará repetir as boas experiências.

FOLHA - O senhor vai continuar a dar aulas no Hospital das Clínicas?
SROUGI
- O HC faz parte da minha vida. É uma necessidade existencial. Sem o HC, eu não vivo. Aqui no meu consultório, 90% dos meu doentes têm câncer. Faço até 60 cirurgias por mês. Eu ando o dia inteiro numa linha muito fina que, de um lado, tem a vida e, de outro, tem a morte. Passar o tempo todo nesse processo acaba com qualquer ser humano. Se eu não tivesse um lugar como a faculdade, onde encontro alunos que sonham, onde posso deixar marcas nas novas gerações, eu não conseguiria agüentar essa carga violenta de emoções do meu cotidiano. Que são também encantadoras: eu, quando salvo uma vida, me realizo. Há poucas sensações iguais, te garanto. Aliás, os médicos ficam meio idiotas por causa disso: perdem o senso crítico e ficam se achando Deus. Eu me belisco a toda hora para lembrar que dói e que sou um ser humano.

Onde está Serra?

Com dois candidatos à Prefeitura de São Paulo -um, Gilberto Kassab, do DEM, patrocinado por ele; e o outro, Geraldo Alckmin, escolhido pelo PSDB contra o seu desejo -, o governador José Serra não apareceu no debate entre os candidatos da TV Bandeirantes, anteontem. Mas a pergunta não queria calar: onde estava Serra naquele momento? "O Serra? Você quer criar uma saia justa, né?", dizia o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) à coluna. "Você é quem sabe: onde ele está?", respondia o deputado José Aníbal (PSDB-SP), que apóia Alckmin. "Nos próximos debates, ele vem", garantia outro deputado alckmista, Edson Aparecido (PSDB-SP). O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), presidente do partido, ironizava: "O Serra não veio?". "Ele tá governando São Paulo, uai!", explicava o ex-governador Orestes Quércia (PMDB-SP), que apóia Kassab.

 

"Ah, falei com ele, mas não perguntei", dizia o próprio Kassab sobre os motivos da ausência do governador. E Alckmin: "Ele me telefonou e me explicou os motivos de sua ausência. Mas conversa de governador a gente não revela".
 

A assessoria de imprensa do governador explicou à coluna que ele não compareceu ao debate porque foi impedido por motivos pessoais. Outros serristas, como o secretário Aloysio Nunes Ferreira, da Casa Civil, o vice-governador Alberto Goldman e Andrea Matarazzo, secretário das Subprefeituras, também não apareceram.
 

Na bancada, os candidatos acabaram acusando o cansaço: houve 11 bocejos, contabilizados pela coluna. A campeã foi Marta Suplicy, com cinco.
 

O programa humorístico "CQC", da Band, distribuiu presentes aos candidatos. Marta ganhou um suco de maracujá para "relaxar". Alckmin, uma garrafa de catuaba para "se animar". Um óleo lubrificante para "usar na máquina do governo" foi entregue a Kassab. Paulo Maluf recebeu, em casa, um Liquid Paper para "limpar a ficha suja". Soninha, do PPS, foi presenteada com um colírio e um incenso. Ivan Valente, do PSOL, levou para casa uma foto de Karl Marx. Ciro Moura, do PTC, ganhou um tostão. E uma lanterna foi entregue a Renato Reichmann, do PMN.

MARTELO
Uma das coleções mais importantes do Rio de Janeiro, a do ex-banqueiro Linneo Eduardo de Paula Machado, irá a leilão no fim de agosto pelas mãos de Evandro Carneiro e Soraia Cals. Entre as obras estão quadros de Pancetti, Portinari, José Malhoa e "O Pescador", de Almeida Júnior, avaliado em R$ 800 mil.

ON-LINE
Já está pronto o site oficial de Hélio Oiticica (www.heliooiticica.com.br). O acervo virtual, que levou um ano para ser finalizado, disponibilizará pela internet mais de 30 obras do artista plástico, entre trabalhos expostos no Brasil e no exterior, vídeos e documentos inéditos, como correspondências entre Hélio e o pai, José Oiticica Filho, e fotos do período em que ele morou nos EUA.

UNIÕES
Renata Castro, que se casa hoje com o estilista Carlos Miele, está grávida. A união acontece no apartamento dele, no Itaim. O bufê é Fasano.

LINHA DO TEMPO
A artista Lygia Clark vai ganhar uma retrospectiva de sua obra no Miami Art Museum, nos EUA. A curadora Rina Carvajal está no Rio recolhendo autorizações da família de Lygia e procurando obras da artista em museus e entre colecionadores.

IDAS E VINDAS
O dono do Bahamas, Oscar Maroni, candidato a vereador pelo PT do B, ainda carrega em sua carteira a carteirinha de quando era afiliado do PT.
 

Maroni diz que a Justiça autorizou que ele pegue de volta seu revólver, que foi apreendido no ano passado e que o levou para a cadeia. "É uma Walter 380, a mesma usada por 007."

MEMÓRIA VISUAL
Jornais editados na Alemanha no período nazista servem de pano de fundo para a nova exposição do artista plástico José De Quadros, "Jogos de Armar". Radicado na cidade alemã de Kassel há quase 20 anos, ele herdou os exemplares de seu vizinho e sobre eles criou seu primeiro trabalho com desenhos. A instalação será inaugurada no dia 23, no Museu Lasar Segall.

MAL DA IGREJA
O escritor português Luís Miguel Rocha chega a SP no dia 17 de agosto. Vem lançar o "O Último Papa", pela Ediouro. Trata-se de uma polêmica tese sobre a morte do Papa João Paulo 1º. O livro, já vendido para 70 países, vai ganhar versão no cinema em 2009.

CURTO-CIRCUITO
ANA LUÍSA LACOMBE, do grupo Faz e Conta, estréia hoje, às 16h, o espetáculo infantil "O Conto do Reino Distante", no teatro Ágora, na Bela Vista. Para maiores de cinco anos.
O AUDITÓRIO IBIRAPUERA apresenta hoje e amanhã o show "Violeiros do Brasil", com Adelmo Arcoverde, Almir Sater, Ivan Vilela, Passoca, Paulo Freire e Pereira da Viola. Livre.
O CARDEAL DOM CLÁUDIO HUMMES, que mora em Roma, vem ao Brasil participar de uma missa em sua homenagem amanhã na catedral da Sé, a partir das 15h.
A GALERIA DE ARTE "A Hebraica" abre hoje a exposição "Cores Dificilmente Silenciosas que Gritam em Nossas Retinas", com pinturas de Roberto Rossi, a partir do meio-dia.

Com JULIANA BIANCHI, DIÓGENES CAMPANHA e DÉBORA BERGAMASCO



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