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"Bruxa de Barcelona" orienta Coelho
Biógrafo do escritor, Fernando Morais atribui jogadas de marketing à agente Mônica Antunes, que o representa em 160 países
Internet é principal canal de promoção, através do blog e do MySpace; para Coelho, não se trata de marketing, mas algo "derivado do prazer"
EDUARDO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL
As bem-sucedidas ações de
promoção que cercam Paulo
Coelho valeram uma menção
na recém-lançada biografia "O
Mago", do jornalista Fernando
Morais. O livro trouxe à tona
um personagem pouco conhecido da trajetória de Coelho, a
carioca Mônica Antunes, 39,
sua agente desde 1990, e que representa o escritor -e somente
ele- em 160 países. Segundo
Morais, em entrevista acerca
de marketing, Mônica teria dito
que "nove entre dez idéias geniais do Paulo dão errado". O
jornalista pediu um exemplo.
"Ela contou o que me parece
um "case" eloqüente, que é a história de mandar "envelopar" os
ônibus de Paris com a capa de
"Veronika Decide Morrer". De
todos os livros dele, "Veronika"
foi o que teve o pior desempenho na França. Um desastre
atribuído à "sabonetização" do
livro, para a qual os franceses
torceram o nariz", diz Morais.
"Sem nenhuma dúvida, a grande maga da carreira do Paulo é a
Mônica. Não por acaso, ela,
com aquele ar angelical, é conhecida no mundo editorial como "a bruxa de Barcelona"."
Dança com famosos
Em maio deste ano, Coelho
esteve pelo que calcula ser a
quinta vez no Festival de Cannes, que serve de pano de fundo
para seu novo romance, "O
Vencedor Está Só". Uma foto
sua no tapete vermelho ilustra
o material de promoção do livro, cujo manuscrito ele leiloou
por US$ 243 mil na Croisette,
dinheiro doado a uma associação beneficente. "Tem uma foto minha dançando com a Natalie Portman. Você pode achar
isso aí facilmente em arquivo",
conta o escritor (veja ao lado).
O jornalista Paulo Roberto
Pires, editor de Coelho em sua
estréia na Agir, diz que o escritor é "muito consciente de todo
o processo" que envolve seus livros, da publicação à promoção. "Mas acho que é um time
que trabalha junto. O Paulo e a
Mônica são muito complementares, ele dá muitas idéias."
O escritor, cujos demais livros pertencem ao catálogo da
editora Planeta do Brasil, aceitou lançar o novo romance pela
Agir seguindo orientação da
agente. Mas não pisca quando o
assunto é sua carreira e o peso
mercadológico do lançamento.
"Nunca assinei, na minha vida, um contrato de um livro que
eu já não tivesse escrito", afirma Coelho. "Claro que o sonho
dos editores é assinar os próximos três ou quatro livros. Mas o
que faz o nosso poder de negociação na saída, no lançamento
de um livro, ser muito grande é
que nunca há a garantia do próximo", afirma Coelho.
Quanto a idéias de marketing, o escritor tende a concordar com a avaliação de Mônica,
que aparece na biografia de
Fernando Morais. "Ela acha
que eu sou uma nulidade. E eu
estou convencido de que sim."
Coelho diz que Mônica o
orientou a focar em duas coisas
ligadas à sua promoção em
2008: a marca dos 100 milhões
de exemplares vendidos, que
será comemorada com uma
festa para 500 convidados, 39
deles editores do escritor, em
outubro, durante a Feira de
Frankfurt, na Alemanha. E
também os 20 anos de publicação do "Alquimista".
"Ela fez as editoras publicarem a versão comemorativa
do 20º aniversário. Acompanhada de uma exposição itinerante das capas em todas as línguas", conta o escritor, cuja
exposição já passou pela Espanha e pela Itália, e viaja neste
segundo semestre para Alemanha, Noruega e México.
Banda larga
A internet é uma das principais ferramentas de promoção
da imagem e obra de Paulo
Coelho. Em seu blog, ele pediu
que seus fãs postassem fotos
segurando seus livros favoritos.
Em junho, ele começou a promover no site de relacionamentos MySpace um concurso
em que fãs farão um filme colaborativo, a partir de seu romance "A Bruxa de Portobello."
"Mas isso não foi idéia de
marketing", defende o escritor.
"A Mônica disse "a gente vai
vender mais 2.000 mil livros".
Acho que ela tem razão, mas é
uma coisa que eu estou a fim de
fazer, como a pirataria de meus
livros que eu estimulei. Eu tenho essas boas idéias, mas muito mais derivadas do prazer do
que do marketing."
Mônica Antunes diz que acha
genial a presença de seu agenciado na internet, mas não vê as
ações no mundo virtual como
uma "possibilidade direta de
promoção das vendas dos livros". "É um caminho interessante, e o Paulo tem um interesse genuíno", diz a agente,
que relativiza também o poder
de fogo da chamada "bruxa de
Barcelona".
"Acho que a dupla funciona
muito bem. Eu estudei engenharia e o Paulo é um artista.
Juntos chegamos em algum
ponto no meio", diz Mônica.
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