São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Editora Globo pede indenização em caso de plágio

Esta é a 3ª ação contra a Nova Cultural, processada pela L&PM e que tem 22 traduções apontadas como plágio

Academia Brasileira de Letras manifesta apoio ao movimento de tradutores que já reúne 421 assinaturas contra plágios noticiados



MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais uma editora está pedindo indenização da Nova Cultural pelo plágio em traduções. Agora é a editora Globo que está exigindo indenização por danos materiais e morais, ainda em caráter extrajudicial, sobre cinco edições plagiadas, incluindo duas traduções do poeta gaúcho Mario Quintana (1906-1994).
Pela mesma razão a editora gaúcha L&PM entrou com processo contra a Nova Cultural em maio passado. A L&PM havia comprado os direitos e relançado edições de "Divina Comédia" e "Madame Bovary", cedidas pela Nova Cultural com falsa atribuição de tradutores. No mesmo mês, o crítico literário Luiz Costa Lima também notificou extrajudicialmente a Nova Cultural, e está exigindo indenização pelo plágio de sua tradução de "O Vermelho e o Negro", originalmente publicada em 1969 pela antiga editora Brughera.
Todos os casos foram noticiados pela Folha. Até o momento, são contestados 22 títulos da Nova Cultural, publicados na sua coleção "Obras-Primas" entre 1995 e 2002.
No caso da Globo, as edições são "Tom Jones" (de Henry Fielding, trad. Octavio Mendes Cajado); "Lord Jim" (de Joseph Conrad, trad. Mario Quintana); "O Vermelho e o Negro" (de Stendhal, trad. Casemiro Fernandes & Souza Jr.); "Contos" (de Voltaire, trad. Mario Quintana) e "O Morro dos Ventos Uivantes" (de Emily Brontë, trad. de Oscar Mendes). Todos foram publicados pela Nova Cultural atribuindo a tradução a outros nomes.
Segundo Joaci Pereira Furtado, coordenador da Globo Livros, "Globo e Nova Cultural estão acertando acordo extrajudicial em que a primeira deverá ser indenizada por danos materiais e morais, além de a segunda retirar de circulação, imediatamente, todas as obras referidas acima. As duas editoras estão negociando valores".
Marco Túlio de Barros e Castro, do Weikersheimer & Castro, escritório que representa o crítico Luiz Costa Lima, diz que, no caso de "O Vermelho e o Negro", três providências estão sendo solicitadas à Nova Cultural. Além do pagamento de indenização e da suspensão da comercialização, será exigida a publicação de uma retratação pública na imprensa.

ABL
O plágio da tradução dos contos de Voltaire tinha sido apontado pela Folha em 15/12/07. Após a divulgação do caso, um grupo de tradutores, reunidos no site http://assinado-tradutores.blogspot.com, organizou um abaixo-assinado que já conta com 421 nomes. O grupo conseguiu o apoio da Academia Brasileira de Letras. Cícero Sandroni, presidente da entidade, enviou carta à coordenação do grupo dizendo que a ABL vê com "grande preocupação" os casos noticiados.

Outro lado
A Nova Cultural afirma que já suspendeu a venda das 22 obras suspeitas e disse que está procurando as editoras e os tradutores afetados. Solicitada a informar quais editoras ou profissionais foram procurados, informou apenas que "este processo continua, caminha bem e será finalizado até o final do mês de agosto, pois é composto de várias etapas, ocasião em que a Nova Cultural voltará a se pronunciar sobre o assunto".


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