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Dance na Bienal
Casey Spooner, da dupla electro Fischerspooner, fala sobre o show que fará na abertura da Bienal de SP e comenta a fusão e o conflito entre arte e entretenimento
Matthu Placek/Divulgação
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O DJ e ex-estudante de performance Casey Spooner, da dupla Fischerspooner
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das questões que norteia a 28ª Bienal de São Paulo é
quando arte se transforma em
entretenimento em mostras de
grande porte, como a própria
Bienal. Essa reflexão estará
personificada na abertura do
evento com o duo norte-americano de música electro Fischerspooner, responsável pela
performance que inaugura, para convidados, no dia 25 de outubro, a "Bienal do Vazio" ou
"em vivo contato", como é seu
nome oficial.
Criado há dez anos, o Fischerspooner é composto por
dois ex-estudantes de performance, Casey Spooner e Warren Fischer, que não só se apresentam em espaços institucionais de arte, como o Museu de
Arte Contemporânea de Los
Angeles ou o Deitch Projects,
em Nova York, mas também
em grandes festivais, como o
Skol Beats, em São Paulo, há
quatro anos. "Gostamos desses
dois mundos, um porque encoraja a experimentação criativa,
e o outro porque alcança grandes audiências", diz Spooner.
O show de abertura ocorrerá
na praça no térreo da sede da
Bienal, às 21h, e repetido na semana seguinte, nos dias 31 de
outubro de 1º de novembro, às
19h, todos gratuitos. Antes, no
dia 11 de outubro, o Fischerspooner participar do Helvetia
Music Festival (hmf.art.br),
em Indaiatuba, no interior de
SP, mas atuando como DJ. Por
e-mail, Spooner comentou as
diferenças entre o mundo da
arte e o universo pop.
FOLHA - Você esteve em São Paulo
para conhecer a sede da Bienal. Quais são seus planos de ocupação?
CASEY SPOONER - Nós vamos
transformar o térreo do edifício
num espaço de performance e
apresentar um show espetacular por três noites.
FOLHA - É verdade que Marina
Abramovic deve participar de seu
show na abertura da Bienal? O que
você acha do trabalho dela?
SPOONER - Marina e eu estamos
conversando sobre o que podemos fazer. Sou um grande fã do
trabalho dela. Recentemente,
eu a ouvi falando no MoMA numa conferência sobre performance. Ela foi magnética.
Ela falou sobre história da arte e da cultura com grande carisma, e eu saí de lá com mais
respeito por ela. Ela é minha
Oprah [Winfrey, apresentadora norte-americana], uma matriarca poderosa que aborda
questões e preocupações que
tenho como artista da performance. Ainda não sabemos o
que vamos fazer, mas estou empolgado em trabalhar com ela e
um pouco intimidado.
FOLHA - Como foi passar de um estudante de performance a um pop
star?
SPOONER - Eu não me vejo como um pop star. Eu sou um
performer e o trabalho que eu
faço no Fischerspooner [FS] é
bastante específico. Eu sei que
isso soa bobo e um pouco ridículo, mas, honestamente, é a
forma que sempre atuei no FS.
O FS me permite revelar certos aspectos de minha personalidade. Houve um período,
quando nós começamos a ter
sucesso, que eu comecei a acreditar que era o personagem que
estava encenando no palco. Rapidamente eu descobri que assim eu não era feliz. Eu gosto de
ter certa distância e capacidade
de me desprender do personagem. De certa forma, é isso que
me permite avançar e ser mais
radical no palco: se eu pensar
que o que estou fazendo é como
uma idéia e não como "eu".
FOLHA - À revista holandesa "Butt
Magazine", você disse que "tudo se
trata de criar a ilusão de excitação",
em relação ao seu trabalho. Este pode ser o objetivo da arte?
SPOONER - Já que o nosso projeto é sobre a dualidade e o conflito entre arte e entretenimento, a ilusão da excitação é uma
parte necessária da equação.
Freqüentemente, esta ilusão
se transforma em excitação
real e esse é, no fim das contas,
um dos nossos objetivos. Nós
lutamos para borrar as linhas
entre arte e entretenimento e
levantar questões sobre contexto e significado.
FOLHA - Qual a diferença em criar
no mundo da arte e no mundo do
entretenimento?
SPOONER - O processo de criação e apresentação no mundo
da arte e no universo do entretenimento são muito diferentes. Eu tenho tido a oportunidade rara de participar desses
dois modos de produção e ambos são desafiadores e poderosos em seus termos. Combinados, eu acredito que eles permitem criar um trabalho único e
excitante. Ultimamente, o entretenimento funciona em sistemas de distribuição muito rígidos e o produto tem que ser
definido claramente para ter
apoio. No fim, o objetivo é sempre a venda.
Já quando temos a oportunidade de criar para o mundo da
arte, é sempre uma experiência
muito aberta e flexível, e a nossa imaginação é, literalmente, a
única limitação, pois não se trata de vender algo, mas de idéias
e os conceitos mais ambiciosos
que se podem conceber. Trata-se de experimentar e como expandir os limites. Para nós, a situação ideal é desenvolver trabalhos criativos no mundo da
arte para, então, distribui-los
em canais de larga escala.
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