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Música deve ocupar vazio do pavilhão
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Além de Fischerspooner, outros grupos musicais completam a série
performática que será a
marca desta edição da Bienal de São Paulo, na tentativa de encher de som o vazio deixado pelas obras.
A dupla Los Super Elegantes, da mexicana Milena Muzquiz com o argentino Martiniano Lopez-Crozet, fará um show de músicas latinas adaptadas
ao kitsch que os garantiu
posto no mundo da arte.
Na última semana da
mostra, o coletivo assume
vivid astro focus, liderado
pelo brasileiro Eli Sudbrack, ocupa uma parte do
pavilhão com performances musicais e uma grande
festa aberta ao público.
Ruídos
Um terceiro grupo, menos performático e mais
cerebral, completa esse
panorama musical. A dupla O Grivo, dos mineiros
Marcos Moreira Marcos e
Nelson Soares, terá uma
instalação acústica.
Compositores das trilhas sonoras do artista e
cineasta Cao Guimarães
em cinco longas e uma
porção de curtas, a dupla
ficou conhecida por moldar com ruídos o que se vê
na tela, determinando a
duração das seqüências
com sinfonias que criam
com objetos encontrados
em cena e a captação direta do som ambiente.
Esse processo, aliás, começou com um acidente
no set de "Otto", curta que
Guimarães gravou em
1998. A caminho da linha
do trem, onde seria gravado o som de um menino
batendo em trilhos com
uma barra de ferro, a equipe original caiu de uma
ponte e acabou destruindo
o microfone, machucando
o ator e fazendo o diretor
mudar de idéia. Marcos e
Soares então viajaram
com Guimarães e refizeram o áudio, gravando os
sons da estrada.
Agora, O Grivo sai de cena no cinema e banca um
projeto solo na Bienal, no
que Marcos e Soares consideram uma obra "mais
vazia do que cheia".
Seguindo o espírito
desta "Bienal do vazio",
vão montar caixas de som
e máquinas musicais num
espaço de 360 m2 dentro
do pavilhão. "O negócio
até some lá dentro, de tão
grande que é o espaço",
exagera Marcos.
A instalação terá oito
grandes alto-falantes nas
bordas, mais 25 deles, um
tanto menores, distribuídos no meio, além de
umas 50 máquinas de
som, no formato de caixas,
que completam a sinfonia.
Dentro de cada máquina, um bastão raspa, como
faz o arco de um violino,
superfícies de amianto,
aço, plástico e outros materiais. "Funciona como
uma palheta superdelicada", diz Marcos. "É mais
timbre do que afinação,
com notas musicais muito
mais claras."
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