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FILMES DE HOJE
TV PAGA
"O Primeiro Dia" anuncia era que não chegou
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O sucesso pode ser o maior
inimigo do artista. Eric Rohmer disse uma vez que, quando
um de seus filmes faz sucesso, logo faz outro sem nenhuma chance comercial, pois nunca quis tornar-se prisioneiro de seus êxitos.
Walter Salles fez muito sucesso
com "Central do Brasil", e isso
quase o obrigou a tentar fazer outro "Central do Brasil". Não é razoável pedir isso, e é normal que
seus filmes seguintes não tenham
tido a mesma repercussão.
Agora esperamos seu trabalho
sobre Che Guevara. Talvez seja
um recomeço. Assim é também
em "O Primeiro Dia". Estamos no
Rio, na virada do ano de 1999 para
o de 2000. Não muda o século,
não muda o milênio (história de o
milênio começar no ano 1), mas
não há passagem simbólica mais
forte do que essa -é quando se
espera que tudo mude.
Aqui há dois personagens básicos: uma mulher de classe média,
abandonada pelo marido (ou namorado), e um triste marginal.
Suas histórias correm paralelas:
classes diferentes, mundos diferentes. Algo fará com que se encontrem, no topo de um prédio, à
meia-noite. A rica e o pobre. A
cultivada e o bronco. A bela e a fera, enfim. Pois com frequência Salles parece querer enunciar uma
fábula. Aqui a moral sugere uma
trégua de classes, ou pacto social,
como se diz.
Veio o ano 2000 e desmoralizou
Nostradamus. Veio o século 21.
Excluídos e incluídos acham-se
igualmente distantes. Capital e
trabalho não se deram as mãos
como no "Metrópolis" de Fritz
Lang. Aliás, o capital se esvai, e o
trabalho desaparece.
Estamos em 2003, e o primeiro
dia da nova era, da regeneração
prometida em "Central", ainda
não chegou. Estamos esperando
esse dia, assim como que Salles
reencontre o sucesso (ou que chute o pau da barraca e desencane
disso).
O PRIMEIRO DIA. Quando: Canal Brasil
(1h30).
TV ABERTA
"Nenhum a Menos" opta por vago humanismo
Babe - O Porquinho Atrapalhado
Globo, 13h10.
(Babe). Austrália, 95, 94 min. Direção:
Chris Noonan. Com James Cromwell,
Magda Szubanski. Fábula sobre um
porquinho, animal rejeitado, em que um
dono vê um perfeito cão pastor. A rigor,
um filme sobre a aceitação da diferença
feito em tom de história infantil, mas que
pode ser apreciado por adultos.
A Vingança do Tornado
Record, 18h30.
(Storm Chasers). EUA, 98, 96 min.
Direção: Mark Sobel. Com Kelly McGillis,
Wolf Larson. McGillis é a meteorologista
que, após a morte do marido,
desenvolve, sustenta e vive para
demonstrar a teoria segundo a qual
tornados são eventos previsíveis.
Um sem Juízo, Outro sem Razão
Bandeirantes, 20h30.
(Another You). EUA, 91, 94 min. Direção:
Maurice Phillips. Com Gene Wilder,
Richard Pryor. Pryor, o sem-razão, sai da
cadeia com a missão de tomar conta de
Gene, o sem-razão. Os dois se envolvem
em encrencas.
Mar em Fúria
SBT, 22h.
(The Perfect Storm). EUA, 2000, 129 min.
Direção: Wolfgang Petersen. Com
George Clooney, Mark Wahlberg. Para
fugir da maré de azar, capitão Clooney
ordena que seu pesqueiro vá pescar em
águas distantes. Águas turvas, onde uma
tormenta daquelas o espera, assim como
os perigos mortais que animam essa
aventura de um Petersen cada vez mais
propenso a entregar ao espectador um
peixe agradável, mas não
necessariamente substancial.
Código para o Inferno
Globo, 23h.
(Mercury Rising). EUA, 98, 115 min.
Direção: Harold Becker. Com Bruce Willis,
Alec Baldwin. Menino autista invade
inadvertidamente os computadores do
governo americano. Baldwin é o
burocrata que, por burocrático, entende
que a melhor solução para o caso é matá-lo. Bruce, agente rebelde e simpático,
toma as dores do garoto.
O Jovem Frankenstein
Bandeirantes, 0h30.
(Young Frankenstein). EUA, 74, 105 min.
Direção: Mel Brooks. Com Gene Wilder,
Pewter Boyle, Martin Feldman. O jovem
dr. Frankenstein volta ao castelo de seus
ancestrais e reinicia as experiências
visando criar um homem a partir do
próprio homem. Paródia dos velhos
filmes de horror. Legendado. P&B.
Nenhum a Menos
Globo, 1h13.
(Not One Less). China, 99, 106 min.
Direção: Zhang Yimou. Com Wei Minzhi,
Zhang Huike. Mocinha que se ocupa
provisoriamente de um grupo de
crianças de uma escola faz o possível e o
impossível para que nenhuma abandone
os estudos. Yimou troca o feminismo por
um vago humanismo, um tanto heróico,
quase lacrimoso, isto é: com tudo para
emplacar nos circuitos de arte. Inédito.
Vitrine da Morte
Globo, 3h05.
(Flinch). EUA, 94, 88 min. Direção:
George Erschbamer. Com Judd Nelson,
Nick Mancuso. Manequins vivos da
vitrine de uma loja presenciam
assassinato e são perseguidos por
maníaco.
(IA)
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