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Edição de luxo de Manuel Bandeira traz inédito do autor de "Estrela da Manhã"
Estrela nova
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Está brilhando por aí uma estrela desconhecida do poeta Manuel
Bandeira. Uma edição de luxo de
textos do autor de "Estrela da Manhã" recuperou um poema inédito do autor pernambucano, nascido em 1886 e morto em 1968.
O livro "100 Vezes Bandeira",
publicado pela Confraria dos Bibliófilos do Brasil (CBB), traz como último de seus cem poemas os
versos de "O Homem e as Coisas", que a Folha reproduz.
Escrito para um álbum de 1965,
chamado "Morte", esse poemeto
de maturidade escapou de todas
as coletâneas "completas" de poemas de Bandeira desde então.
O achado foi do "bandeirólogo"
Edson Nery da Fonseca, que ajudou o organizador do trabalho, o
fundador e presidente da CBB, o
engenheiro José Salles Neto.
Às quatro mãos dos dois se somaram as do sobrinho-neto do
escritor e administrador de seus
direitos autorais, o procurador federal Antônio Manoel Bandeira
Cardoso, que assina a introdução
de "100 Vezes Bandeira".
Cardoso chama atenção para
um aspecto da obra de Bandeira
que serve de guia para a edição
dos Bibliófilos, o "caráter evocativo de seus versos", evocativos de
sua própria vida.
O poema inédito, do velho Bandeira dizendo que via cada coisa
pela última vez, serve como luva
nessa linha-mestra, assim como
outros "clássicos" incluídos no
volume, caso de "Pneumotórax".
Salles Neto diz que além de
priorizar os textos "evocativos"
"100 Vezes Bandeira" também teve como critérios a reunião de
poemas de todos os livros do escritor e na ordem em que foram
publicados, começando com
"Epígrafe" (1917) e com ponto final em "Crucifixo" (1966), passando por "hits" como "Os Sapos" e por menos conhecidos, como "Oração para Aviadores".
Casadas com os versos do modernista estão dez serigrafias de
Renina Katz, feitas para o projeto.
Espécie de primeira-dama da gravura brasileira, a artista carioca-paulistana ilustra Bandeira com
traços que ficam entre o abstrato e
o figurativo. Assim como em boa
parte da obra do poeta, ela vai à
profundidade lírica pelo caminho
da (aparente) simplicidade.
A dobradinha Katz/Bandeira,
finamente embalada pela Confraria, não está disponível para todos. Assim como nos livros anteriores da agremiação literária, que
com "100 Vezes Bandeira" chega
a seu 12º título, os volumes são feitos em tiragem a conta-gotas (um
livro para cada um dos 350 confrades bibliófilos). Como existem
algumas vagas sobrando na CBB,
porém, estão à venda cerca de
duas dezenas de exemplares.
Cada um deles é feito artesanalmente. O livro tem cada uma de
suas linhas impressas manualmente, com uma velha máquina
Guarani, que Salles Neto guarda
na cidadezinha Núcleo Bandeirantes, próxima de Brasília. Antes
de chegarem lá, as matrizes de cada página, que pesam cerca de 500
quilos, são fundidas em Cidade
Ocidental, interior de Goiás.
Os vai-e-vens compensam. O
resultado final é de levar qualquer
leitor embora pra Pasárgada.
100 VEZES BANDEIRA. Autor: Manuel
Bandeira. Org.: José Salles Neto (com
Edson Nery da Fonseca e Antônio
Manoel Bandeira Cardoso). Editora:
Confraria dos Bibliófilos do Brasil
(conbiblibr@yahoo.com.br; tel. 0/xx/61/435-2598). R$ 130 (131 págs.).
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