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Cafajeste e "sirene" dão destaque a jovens atores
Escrachos de Cauã Reymond e Ísis Valverde são trunfos de "A Favorita" e "Beleza Pura'
Com tom sério, ator diz se inspirar em astro de filme de Godard; espevitada, atriz conta ter pedido conselhos à mãe e a "monstros do humor"
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Cauã Reymond, 28, é também conhecido como ex-Alinne Moraes, e atual Grazi Massafera, queridinho de revistas de fofoca.
À Folha, o ator fala em tom
pausado, sério sobre seu personagem de "A Favorita" (Globo),
que ainda patina no Ibope. Como o cafajeste Halley, tem protagonizado cenas que flertam
com o pastelão, até agora as
melhores da novela das oito
-sem contar as de humor involuntário vividas por Murilo
Benício e Deborah Secco...
Até a semana passada, Halley
se passava por um milionário
gay a fim de se aproveitar do dinheiro de Orlandinho (Iran
Malfitano). Alícia, a artista
plástica patricinha vivida por
Taís Araújo, se envolve na confusão. Além da química entre o
trio, o que ajuda são os diálogos
de João Emanuel Carneiro.
Cauã, aliás, teve outro papel cômico, o do lutador Thor Sardinha, em "Da Cor do Pecado"
(2004), estréia do autor.
O ator responde prontamente sobre suas inspirações. A
erudita: "Jean-Paul Belmondo,
em "O Acossado" do [cineasta
Jean-Luc] Godard, e "O Magnífico", que fez com a Jacqueline
Bisset, o malandro leve". A pop:
"A cultura hip hop tem a ver
com a vaidade do Halley, de falar "eu, eu, eu". Me inspiro no
[rapper norte-americano] Tupac [Shakur]". Bebe em outra
fonte, essa sigilosa. "São figuras
que estão na mídia, mas não falo porque corro o risco de ser
processado, como Eduardo
Moscovis e Letícia Spiller
quando disseram ter se inspirado no casal Garotinho [para o
político e a mulher corruptos
de "Senhora do Destino']."
Carioca, filho de astróloga e
psicólogo, Cauã estreou na TV
em 1995, em "Malhação". Seu
papel anterior a Halley foi como o também cafajeste Mateus, em "Belíssima" (2005/
06). Foi quando deu a sorte de
protagonizar a cena que encerrou a novela e se tornou um
clássico da teledramaturgia: só
de cueca vermelha, com taça de
champanhe na mão, beijava a
vilã Bia Falcão, interpretada
por Fernanda Montenegro.
"Fiquei muito orgulhoso de o
Silvio [de Abreu, autor] ter me
dado esse presente", comenta.
Unha azul
Bem mais novata que o ator,
Ísis Valverde, 21, também revelou dom para a comédia como
Rakelli, a destrambelhada manicure que sonha ser famosa, a
melhor personagem de "Beleza
Pura", cuja audiência deixa a
desejar. A novela das sete é seu
terceiro trabalho. Estreou na
nova versão de "Sinhá Moça"
(2006), como Ana do Véu, e fez
uma participação como uma
garota de programa trapaceira
em "Paraíso Tropical" (2007).
Rakelli vive de minissaia colorida, sapato de salto plataforma com meia curta, bijuteria e
unhas pintadas de azul. O clímax da personagem, sucesso
principalmente com crianças, é
seu choro estridente, chamado
no texto de "sirene". Ela fecha
os olhos, faz biquinho e berra.
Nesse caso, além da graça da
atriz, ajuda também o texto de
Andréa Maltarolli, em sua primeira novela.
Na entrevista à Folha, com
voz rouca graças ao grito "sirene", Ísis não usa o tom grave de
Cauã e demonstra guardar alguma semelhança com Rakelli.
Simpática, fala, fala, fala, ri de
tudo. Conta ter nascido em
Aiuruoca, cidade de pouco
mais de 6.000 habitantes localizada no sul de Minas Gerais.
"É o sétimo chacra do mundo.
Você tem noção da energia desse lugar?", diz.
Aos 18, foi tentar a sorte no
Rio, onde acabou descoberta
pela Globo no teatro Tablado.
"Era uma vontade de fazer tudo, sem saber o quê. Minha
mãe dizia que eu devia ser
atriz. Porque o ator é tudo e depois é ele. Tudo aconteceu
muito rápido na minha vida."
Para viver Rakelli, pediu conselhos a "monstros do humor",
como Osmar Prado e Zezé Polessa, e se inspirou "naquele cara... como é mesmo o nome dele... ah, Johnny Depp". Também se mirou na mãe, Rosalba
Nable, atriz de teatro, cujo trabalho Ísis define assim: "Sabe
aquelas peças cabeças, aquele
pessoal que gosta de crítica e
não gosta de fazer TV?".
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