São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011 |
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"O existencialismo ditou minha vida", diz Fernanda Montenegro Aos 82 anos, a atriz reestreia "Viver sem Tempos Mortos", que a fez reavaliar sua trajetória Peça, que marca sua primeira experiência como dramaturga, é homenagem à filósofa Simone de Beauvoir GABRIELA MELLÃO DE SÃO PAULO Fernanda Montenegro conversa com a plateia da periferia de São João de Meriti, no Rio, após a apresentação de "Viver sem Tempos Mortos". No monólogo, que reestreia no sábado em São Paulo, a atriz interpreta Simone de Beauvoir (1908-1986). Uma mulher contesta o ícone francês do feminismo apresentado em cena: "Essa mulher [Beauvoir] não tem liberdade coisa nenhuma. Livre sou eu, que trabalho, sustento meus dois filhos e não fico presa a homem", diz. A atriz sorri ao perceber que testemunha, meio sem querer, uma homenagem a Simone de Beauvoir. "Essa espectadora não sabe que só pode falar assim e viver desse jeito por causa de Simone. Ao lutar por liberdade sexual e de pensamento, ela abriu caminhos ao feminismo." A peça homenageia a escritora e filósofa francesa: "O existencialismo ditou minha vida", diz a atriz de 82 anos. "'O Segundo Sexo' foi um livro básico da minha geração, de mulheres adolescentes no pós-guerra. O mundo estava destruído. O existencialismo surgiu como resposta." E hesita, antes de concluir que as ideias dela são em parte suas. "A vivência não foi a mesma. Minha origem é operária. Sempre vivi a realidade da luta social. Mas concordo com o pensamento dela. Creio no que digo em cena." Esta é sua primeira incursão na dramaturgia. Durante dois anos, mergulhou nas correspondências e notas autobiográficas da escritora. Isso a obrigou a repensar sua vida: "Reavaliei meus 80 anos. Refleti sobre o que conquistei, como formei família e meus propósitos de par com o homem a quem me liguei". Das 200 páginas selecionadas, ficaram 30. Foi então que a atriz procurou o encenador Felipe Hirsch e lhe perguntou se aquilo "dava teatro". Até hoje, dois anos após a estreia da peça, não sabe se deu: "Não é um espetáculo. Não tem histrionismo na atuação, no cenário, na direção ou na iluminação", explica. Com o mínimo de recursos, faz uma interpretação desdramatizada: "Não quis fazer uma exibição barroca do pensamento de Simone". VIVER SEM TEMPOS MORTOS QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 21h, e dom., às 18h; até 27/11 ONDE teatro Raul Cortez - Fecomércio (r. Dr. Plínio Barreto, 285, tel. 0/xx/11/3254-1700) QUANTO de R$ 80 (sex. e dom.) a R$ 100 (sáb.) CLASSIFICAÇÃO 14 anos Texto Anterior: Teatro - Crítica/Drama: Théâtre du Soleil sintetiza potências da literatura e do cinema Próximo Texto: Rubricas Índice | Comunicar Erros |
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