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Crítica
Mann discute individualismo em "Winchester"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Anthony Mann desconhece
heróis impolutos. O homem,
em especial o do Oeste, é um
ser tocado pelo individualismo
e cujo desafio maior é conseguir superar seus ímpetos
egoístas e integrar-se a algo
maior: a comunidade.
"Winchester 73" (TC Cult,
20h15; 12 anos) pode até dar a
impressão de se afastar desses
princípios, na medida em que
dois irmãos disputam uma arma bastante preciosa.
Mas, à luz dos demais filmes
de Mann, não são dois homens
em conflito. Trata-se, a rigor,
do mesmo homem. Ele tem em
si o bom e o perverso, o generoso e o criminal. Enfim, o homem é um caos a que só uma
instância maior, a comunidade,
pode dar forma e sustentação.
Quando consegue estar com
ela, abdicando de parte de si, o
homem pode se integrar a algo
maior -a natureza, o cosmos.
Sem ela, é um errante.
A notar, ainda hoje, "Frango
ao Vinagre" -TV 5 Monde,
23h; classificação indicativa
não informada-, um Chabrol
menor, mas ainda assim um
delicioso Chabrol.
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