|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com passagem pelo Brasil, turnê
de Lynch deve virar documentário
Atos do cineasta, que chega hoje a SP, estão sendo registrados por uma câmera
DA ENVIADA AO RIO
Fotógrafo, pintor, cineasta
("O Homem Elefante", "A Estrada Perdida"), o norte-americano David Lynch não se vê como um artista das imagens.
"Sou um homem de idéias", diz,
em sua primeira visita ao país.
A viagem, que prevê sua ida a
cinco cidades, desde domingo
passado, e passa hoje por São
Paulo, tem o objetivo de divulgar a origem das idéias de
Lynch, 62, relatada no livro
"Em Águas Profundas" (editora
Gryphus, 204 págs, R$ 29,90).
A meditação transcendental,
que pratica há 30 anos, é o método de Lynch para ativar o cérebro e mergulhar no território
da imaginação. Para ele, não
importa que, quando assumam
a forma de filmes, suas idéias
sejam consideradas herméticas
por boa parte do público.
"Mesmo quando as pessoas
acham que não entenderam,
elas entenderam", diz. Ele defende que o público tenha "o
privilégio de interpretar [uma
obra] como quiser".
Dos filmes que fez, Lynch se
arrepende de um -"Duna - O
Mundo do Futuro" (1984), sucessor de "O Homem Elefante"
(1980), que alçou seu prestígio
em Hollywood. "Não gosto do
corte final. Não fiz o filme que
queria fazer e isso me deixa
muito triste. Na época, fiz uma
concessão que não deveria."
Ficção científica, "Duna - O
Mundo do Futuro" trata do
embate de um povo à espera do
messias com uma nação inimiga. As concessões de Lynch a
Hollywood soam, hoje, como
coisa do passado. O cineasta é
visto como ícone dos "independentes" dos grandes estúdios.
Por onde vai no Brasil, Lynch
tem seus passos seguidos por
uma câmera e um microfone. O
registro deve integrar um documentário a respeito de sua turnê mundial para divulgar a meditação transcendental.
"Por enquanto, não estou
preparando outro filme de ficção", diz. Como produtor,
Lynch cuida atualmente do novo longa do chileno Alejandro
Jodorowski, "King Shot". "Sou
apenas o produtor-executivo.
Ele tem a sua própria voz, que é
diferente da minha. Fico feliz
por produzir os filmes dele."
Profícuo como diretor e produtor, Lynch não gasta muito
tempo indo ao cinema. "Gosto
de fazer filmes, de trabalhar, e
não sou muito rato de cinema."
Texto Anterior: Autor faz mistério sobre lésbica Próximo Texto: Cineasta encontra público em SP Índice
|