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Procon vê vendas irregulares para shows
Órgão critica impossibilidade de escolha de assentos e venda antes do horário para apresentações de João Gilberto
Ticketmaster defende
"modelo" internacional e diz
estar "apurando os fatos';
300 ingressos por dia foram
reservados a convidados
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Procon-SP considerou que
houve desrespeito ao Código de
Defesa do Consumidor na venda de ingressos para os dois
shows de João Gilberto em São
Paulo (nos próximos dias 14 e
15), realizada anteontem e
marcada pela pane no site e nos
telefones da Ticketmaster.
As irregularidades foram pelo menos três: a impossibilidade de os compradores escolherem seus assentos; a venda antes do horário anunciado (10h);
e o fato de a confirmação do ingresso estar sujeita "à disponibilidade de lugares", como a
Ticketmaster informa.
A organização do evento
anunciou que a venda de ingressos começaria pontualmente às 10h de anteontem,
mas a Folha ouviu uma compradora que afirmou ter adquirido o ingresso por volta das 9h.
Ela preferiu não se identificar, mas encaminhou o e-mail
de confirmação que é enviado
automaticamente pela Ticketmaster após a compra. Nele, o
horário de recebimento é 9h29.
"Isso é uma quebra da oferta,
que é irregular no Código de
Defesa do Consumidor", disse
Carlos Alberto Nahas, assistente da diretoria de fiscalização
do Procon-SP.
A Ticketmaster reiterou que
as vendas começaram às 10h, e
que está "apurando os fatos".
Sem escolha
Para comprar seus ingressos,
os consumidores tiveram de
enfrentar uma oferta reduzida:
dos 806 lugares disponíveis no
Auditório Ibirapuera para cada
show, 300 foram reservados
para convidados e imprensa, de
acordo com a produtora Dueto.
Ou seja, foram vendidos 506 ingressos por dia. Quem conseguiu comprá-los -havia dois
setores, de R$ 30 e R$ 360-
não pôde escolher seu lugar.
Segundo a empresa, esse procedimento "segue o modelo da
Ticketmaster no mundo e também o de outras grandes empresas do segmento".
"O direito à escolha é básico.
O consumidor não pode fazer
uma compra no escuro. O Código inibe contratos onde possa
haver surpresa negativa para o
consumidor", disse Nahas.
Ao fim do procedimento de
compra no site, o usuário recebe um e-mail no qual se lê que a
efetivação da compra "está sujeita à confirmação do pagamento do cartão de crédito e à
disponibilidade de lugares".
"É normal que se aguarde a
confirmação do cartão de crédito, mas, após isso, ainda ser
obrigado a aguardar disponibilidade de lugar, isso é irregular", disse Nahas, do Procon.
A Ticketmaster diz que seu
modelo de venda é uma "colocação de pedidos" e não uma
"ordem de compras" -ou seja,
antes das confirmações, o comprador fez apenas um pedido
por ingressos.
Para a próxima busca por ingressos (no dia 12, para o show
de Caetano Veloso e Roberto
Carlos no Rio), segundo a
Ticketmaster, a capacidade de
recebimento de chamadas será
dez vezes superior à que a empresa tinha no início das vendas de anteontem.
NA INTERNET
folha.com.br/082191
leia relatos sobre a compra de
ingressos na Folha Online
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