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Coleção Folha retrata João Donato
"Outsider" da bossa nova, como se define, o pianista e compositor é tema do 7º livro-CD, que chega no dia 14 às bancas
Músico entregou canções a colegas para que fossem letradas e, assim, surgiram hits como "Bananeira" e "A Paz", parcerias com Gil
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele se mudou para os Estados Unidos, em 1959, quando a
bossa nova ainda ensaiava os
primeiros passos, mas àquela
altura sua contribuição para a
criação desse estilo musical já
era definitiva.
O pianista e compositor João
Donato, 74 anos, é o destaque
do sétimo volume da Coleção
Folha 50 Anos de Bossa Nova,
que chega às bancas no próximo domingo, dia 14.
Autor de obras-primas da
música popular brasileira, como "A Paz" (com letra de Gilberto Gil), "Até Quem Sabe"
(letra do irmão Lysias Enio) e
"A Rã" (letrada por Caetano
Veloso), Donato vive atualmente o período de maior popularidade de sua carreira, depois de passar quatro décadas
quase no ostracismo.
Estilo moderno
Durante grande parte dos
anos 50, ele se apresentou em
praticamente todos os bares e
boates do Rio de Janeiro, desde
os mais humildes até as mais
badaladas. Do reduzido círculo
que o aplaudia faziam parte fãs
de alto quilate, como Tom Jobim, João Gilberto, Dick Farney, Sylvinha Telles, Dolores
Duran e até o "rei do baião"
Luiz Gonzaga.
Mesmo assim, seu estilo moderno demais para aquela época, além da dificuldade para
cumprir pontualmente os compromissos profissionais, acabaram fechando muitas portas na
noite carioca.
Por isso, Donato decidiu tentar a carreira nos Estados Unidos, reclamando, com relativo
exagero, de que ninguém o entendia no Brasil.
Ironicamente, a música do
compositor só começou a ser
apreciada por um público mais
amplo, após seu retorno ao
país, em 1971. Um conselho do
cantor Agostinho dos Santos o
levou a entregar suas composições instrumentais a vários colegas, para que fossem letradas.
Assim nasceram sucessos como "Bananeira" (com versos de
Gilberto Gil) e "Gaiolas Abertas" (letrada pelo sambista
Martinho da Vila).
Comparado com freqüência
ao amigo João Gilberto, por
protagonizar casos folclóricos,
Donato costuma surpreender
os fãs ao dizer em entrevistas
que não se considera um músico da bossa nova.
Tem todo o direito de se ver
como "outsider", mas é difícil
ouvir muitas de suas canções,
como "Lugar Comum" (letra de
Gilberto Gil) ou "Café Com
Pão" (com Lysias Enio), sem ligá-lo ao gênero musical.
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