|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TV PAGA
Paixão guia Babenco em "Coração Iluminado"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A arte do ator é o teatro. Não
há ator no mundo (ou quase) que não reclame de uma filmagem (fora dos "making of",
claro). Às vezes passam-se horas
entre uma tomada e outra. Reencontrar o sentimento, dar continuidade dramática à ação é sempre um desafio.
Depois, o cinema é um lugar de
injustiça para o ator. Com um
tanto de beleza e carisma, uma estrela se afirma, por vezes nem é
preciso ter muito talento. As incompetências podem muito bem
ficar na sala de montagem, conhecidas de pouquíssimos.
Nesse sentido, mesmo a TV é
mais reveladora que o cinema.
Por exemplo, o talento de Maria
Luisa Mendonça era evidente já
ao cruzar com ela em alguma novela. "Coração Iluminado" só
confirmou-o.
E, já de início, estava lá aquela
mulher muito magra, estranha,
vibrante, a evocar um amor de
adolescência em Buenos Aires.
Esse amor existiu? É provável. Babenco não parece achar, habitualmente, que cinema é um assunto
estritamente pessoal. Prefere os
temas de interesse geral, digamos
assim.
Em "Coração Iluminado" abriu
uma exceção. Fez um filme obsessivamente pessoal. De longe, o
mais apaixonado de seus filmes. E
essa atriz que transborda paixão
que é Mendonça vinha a caber como uma luva.
Mas e a outra? A mulher que
aparece na maturidade do mesmo personagem? Que é a mesma
e é outra? Essa é Xuxa Lopes, casada com Babenco. E ninguém gostou de Xuxa Lopes, em particular
da música que cantava. Babenco
deve ter percebido que ela não é
uma cantora. Mas deve gostar de
ouvi-la. Aparentemente, deu de
ombros e deixou-a cantar a música toda. No cinema de Babenco,
há quem prefira "Pixote" ou "Carandiru". "Coração" é sua obra-prima personalíssima, partilhada
com duas atrizes.
CORAÇÃO ILUMINADO. Quando: hoje,
às 21h, no Canal Brasil.
TV ABERTA
"Corpo Fechado" repete fórmulas de Shyamalan
O Mundo Perdido - Jurassic Park
Globo, 12h45.
(The Lost World - Jurassic Park). EUA, 97,
129 min. Direção: Steven Spielberg. Com
Jeff Goldblum, Julianne Moore. Ao saber
que o mundo dos dinossauros não se
extinguiu com o fim do primeiro Jurassic
Park e que, até pelo contrário, ele
floresce em outra ilha, o dr. Ian Malcolm
(Goldblum) fica excitadíssimo para ir ao
local. Segundo e mais fraco dos filmes da
série. Não acrescenta grande coisa ao
imaginário do original (de 1993); os
efeitos continuam a garantir o
espetáculo.
Nada em Comum
Record, 18h45.
(Nothing in Common). EUA, 86, 118 min.
Direção: Garry Marshall. Com Tom Hanks,
Jackie Gleason. Típico filme de atores, e o
último trabalho de Jackie Gleason, o pai
briguento e diabético de quem se ocupa
o filho Tom Hanks. Comédia dramática.
El Mariachi
Bandeirantes, 20h30.
EUA, 93, 81 min. Direção: Robert
Rodriguez. Com Carlos Gallardo, Cosuelo
Gómez. A fama do filme repousa sobre a
suposição (pouco plausível) de que teria
custado US$ 7.000. Em todo caso, a
história do seresteiro confundido com
um criminoso na fronteira entre México e
EUA não vale muito mais do que o
anunciado pela publicidade.
Corpo Fechado
SBT, 22h.
(Unbreakable). EUA, 2000, 107 min.
Direção: M. Night Shyamalan. Com Bruce
Willis, Samuel L. Jackson. Após
sobreviver a um desastre terrível, Willis
descobre que possui dons raros, para não
dizer únicos. "Thriller" fantástico, à
maneira do que Shyamalan inaugurou
com "O Sexto Sentido". Será que o
diretor-roteirista está entrando numa
prisão? Inédito.
O Jovem Frankenstein
Bandeirantes, 0h30.
(Young Frankenstein). EUA, 74, 105 min.
Direção: Mel Brooks. Com Gene Wilder,
Pewter Boyle. O jovem dr. Frankenstein
volta ao castelo de seus ancestrais e
reinicia as experiências visando criar um
homem a partir do próprio homem.
Paródia dos velhos filmes de horror, à
moda de Brooks: a idéia se esgota muito
antes do filme terminar. Legendado.
P&B.
Asas do Amor
Globo, 1h20.
(The Wings of the Dove). Inglaterra/EUA,
97, 101min. Direção: Iain Softley. Com
Helena Bonham Carter, Charlotte
Rampling. Ao saber que uma amiga rica
sofre de doença fatal, a jovem Kate
(Carter) empurra o namorado
-jornalista e pé-rapado- para cima
dela. O objetivo é eles se casarem, a
moça morrer e o rapaz receber gorda
herança. Baseado em romance de Henry
James. Inédito.
A Gaiola das Loucas 3 - Elas se
Casam
Globo, 3h.
(La Cage aux Folles 3: Elles se Marient).
França, 85, 88 min. Direção: Georges
Lautner. Com Ugo Tognazzi, Michel
Serrault. Uma tia de Albin (Serrault)
deixou-lhe uma herança, porém com
uma cláusula desagradável: terá de se
casar e ter um filho no prazo de 18 meses.
Renato (Tognazzi), seu amante desde o
primeiro filme, arma um plano para que
eles fiquem com o dinheiro.
Basicamente, a interpretação dos dois
atores principais é o que importa na
série, aqui já raspando o tacho.
(IA)
Texto Anterior: Astrologia - Barbara Abramo Próximo Texto: José Simão: Lulinhas Aéreas! O Quibetur continua! Índice
|