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FILMES E TV PAGA
Altman elabora radiografia cruel do cinema
Mortal Kombat
Globo, 13h10.
EUA, 95, 98 min. Direção: Paul Anderson.
Com Christopher Lambert, Bridgette
Wilson. Coqueluche entre a garotada, há
alguns anos, o jogo "Mortal Kombat"
ganhou aqui uma versão filme. Será que
a meninada ainda lembra o que é
"Mortal Kombat"?
Osso, Amor e Papagaios
Cultura, 15h30.
Brasil, 56, 102 min. Direção: Carlos
Alberto de Souza Barros, César Mêmolo
Jr. Com Fábio Cardoso, Jaime Costa. No
auge da ressaca da Vera Cruz -que
falira pouco tempo antes-, esse filme
representou uma esperança, ao analisar
a vida política em uma cidadezinha do
interior e, sobretudo, seus tipos. Mas o
diretor Souza Barros sumiu um tanto
quanto do mapa, enquanto Mêmolo
passou a cuidar da produção de filmes
publicitários.
Mogli, o Menino Lobo
Record, 18h.
(Jungle Book 2). EUA, 97, 85 min.
Direção: Dulcan McLahlan. Com James
Williams, Bill Campbell. Um
inescrupuloso homem pretende
capturar Mogli, o menino das selvas, e
transformá-lo em atração circense. Mas
Mogli tem amigos fiéis entre os animais,
que estarão lá, dispostos a salvá-lo.
O Jogador
Bandeirantes, 20h30.
(The Player). EUA, 92, 123 min. Direção:
Robert Altman. Com Tim Robbins, Greta
Scacchi, Whoopi Goldberg. Radiografia
cruel da indústria cinematográfica, a
partir das atividades de um executivo de
estúdio (Robbins). Nenhum escrúpulo à
vista nesse filme que relançou a carreira
de Altman. Em compensação, um filme
talentoso.
O Troco
SBT, 23h30.
(Payback). EUA, 99, 100 min. Direção:
Brian Helgeland. Com Mel Gibson,
Deborah Kara Unger, Gregg Henry.
Ladrão arma assalto com a mulher e um
amigo. Esses dois se unem para traí-lo e,
resolutamente, matá-lo. Mas nosso herói
é Mel Gibson: não morre fácil. E parte
para dar o troco.
Tiro e Queda
Globo, 23h.
(The Big Hit). EUA, 98, 92 min. Direção:
Kirk Wong. Com Mark Wahlberg, Lou
Diamond Phillips, Christina Applegate.
"Thriller" cômico, a respeito de grupo de
assassinos profissionais liderados por
Mel (Wahlberg), que se complica em
vários frontes, um deles ao raptar a filha
de um ricaço, que também é afilhada do
chefão. Mais tarde, Mel verá sua amante
fugir com seu dinheiro. E vai por aí. Mel
inspira pouco respeito. Mais queda do
que tiro.
O Fiel Camareiro
Bandeirantes, 0h30.
(The Dresser). Inglaterra, 83, 118 min.
Direção: Peter Yates. Com Albert Finney,
Tom Courtenay, Edward Fox. Yates, mais
conhecido por seus filmes de ação, aqui
em trabalho interiorizado sobre a relação
entre um monstro sagrado dos palcos
(Finney) e seu camareiro (Courtenay),
durante a Segunda Guerra, quando o
primeiro faz o que pode e o que não
pode para manter em cartaz seu
Shakespeare. Belo retrato de ator e bela
pintura do teatro visto por dentro.
(IA)
TV PAGA
"Chinatown" revela ironia de Roman Polanski
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Por alguma razão, Roman
Polanski é um diretor de cinema que atrai juízos radicais.
"Eu gosto do Polanski", ouve-se
com frequência. "Eu não", retruca-se com menos frequência
-mas retruca-se.
O problema é: de qual Polanski
se gosta ou não? O de "O Pianista"? Mas, mesmo dentro desse filme, há pelos menos dois Polanskis. O do início representa o Gueto de Varsóvia um pouco como
filme de gladiador, com os alemães fazendo o papel de romanos
e chicoteando gente nas ruas. Em
outros momentos, o filme mostra
execuções sumárias: tiros na cabeça em primeiro plano, sem nenhuma sutileza, sem espaço para
sugestão.
Já no final, há outro Polanski:
aquele que observa o mundo com
cinismo e distância, que ri do acaso, mas ri amargamente, como
quem não vê alternativa senão rir
de um universo celerado. E existe,
acima de tudo, a música como
tentativa do homem de ordenar o
caos da existência, de encobrir a
infâmia pelo sublime.
Se "Chinatown" é um dos melhores Polanskis, isso se dá em
grande parte porque estamos no
registro do "filme noir", e porque
o detetive J.J. Gites, bem classicamente, logo pensa que já sabe tudo, mas está a léguas disso.
Contratado inicialmente para
um caso banal de matrimônio, cabe-lhe o destino habitual dos detetives: ver-se às voltas com um
mistério muito mais amplo. Mas
não é esse o ponto. E sim a opacidade do mundo. O mistério não
conduz a um desvendamento; a
incógnita não leva ao sentido.
Estamos um pouco nessas
equações em que o significado de
xis é, digamos, "x-2". Ou seja, no
fundo, o xis do problema continua intacto. Quando trabalha
com esse tipo de ironia, Polanski
está em seu ambiente.
CHINATOWN. Quando: hoje, às 23h20,
no Telecine Action.
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