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Cartoon faz dez anos com 30 milhões de telespectadores e celebra uma arte
Ilha da fantasia
JOSÉ AGUIAR
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ao completar dez anos, o Cartoon Network, primeiro canal a
cabo inteiramente dedicado aos
desenhos animados, celebra não
só a afirmação das animações
com seu produto consumido por
30 milhões de telespectadores pelo mundo, mas também a evolução dessa arte.
"A TV paga foi um grande incentivo para os desenhos devido
aos canais 24 horas", diz à Folha
Van Partible, 32, criador do galã
Johnny Bravo, estrela do Cartoon.
"Desde os tempos de "O Gato Félix", em 1930, as principais mudanças na animação de TV têm sido quanto às cores e à sofisticação
para produzir movimentos, além
das novas maneiras de contar a
história", relata.
Depois da primeira série para a
TV em 1949, a "Cruzader Rabbit",
do estúdio UPA, a primeira "fábrica" de desenhos televisivos foi
fundada em 1957 -o estúdio
Hanna-Barbera.
HB elegeu o modo barato de fazer animação, com o mínimo de
movimentos, e em 1960 fez frente
ao "politicamente correto" estilo
Disney com "Os Flinstones", sátira à sociedade americana. Também conquistou o público adulto
com o malandrão "Manda-Chuva" e com as séries de ação. A
mais célebre foi "Jonny Quest", de
1964, com ares de James Bond,
violência e morte.
O modo barato de animar abriu
caminho para estúdios menores,
e surgiram as primeiras séries de
super-heróis -que se desgastaram rapidamente.
Desenhos cômicos
Ao mesmo tempo, as histórias
bem-humoradas, garantia de retorno financeiro, voltaram à cena.
"Scooby-Doo" lançou a fórmula
da trupe de adolescentes acompanhada por mascote engraçadinho, caso também de "Tutubarão" e "Bionicão".
A criatividade deixava a desejar,
mas o período tem fãs respeitáveis no mundo da animação.
Genndy Tartakovsky, criador de
"Laboratório de Dexter", é um
exemplo. "Meu favorito é "Dinamite, o Bionicão'", diz.
Para Van Partible, um outro fã
dos desenhos cômicos,
esse estilo tem a preferência porque a maioria das pessoas assiste
às animações para rir. Seu
colega Eric Casemiro, que produziu "Rugrats, os Anjinhos", sucesso do canal Nickelodeon, concorda: "O sucesso vem de tudo o
que consegue uma risada".
"Mas os desenhos engraçados
não vendem tantos brinquedos
quanto os de super-heróis, e as
produtoras podem pesar isso na
hora de optar", rebate Regis
Brown, da produtora californiana
Mike Young Productions, cujo
desenho "Clifford, o Gigante Cão
Vermelho" estréia em setembro
no Discovery Kids.
Talvez por isso, no início dos
anos 80 retornaram os heróis, como os guerreiros "He-Man",
"Thundercats", "Comandos em
Ação", "Transformers", com suas
batalhas intermináveis.
Corretos e incorretos
Ainda nos 80, o receio de possíveis efeitos nocivos às crianças fez
surgirem desenhos açucarados,
como "Ursinhos Carinhosos", e
os críticos passaram a anunciar o
fim das animações.
Eric Casemiro acha que a "síndrome do politicamente correto",
que deixou o cenário repetitivo na
década, não se limitou à animação. "Todas as formas de entretenimento sentiram e sentem essa
pressão, que esmaga o talento.
Muitos cedem. Mas outros sobrevivem e se tornam sucessos."
Nos anos 90, o "politicamente
incorreto" reagiu com desenhos
como "Os Simpsons". As produções adultas, como "South Park"
e "O Rei do Pedaço", tiveram sua
vez. E animações antigas, como
"A Turma do Pernalonga", e de
aventura, como "Batman", foram
modernizadas.
Segundo Brown, "alguns desses
desenhos apresentam um mundo
onde as pessoas podem fazer o
que pensam, sem se preocupar
com consequências. "Os Simpsons" são assim. São animações
que funcionam para todos".
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