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CINEMA
"A Agenda" desmonta mecânica da tragédia social
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE DOMINGO
"A Agenda" , de Laurent Cantet (2001), é um dos melhores filmes franceses dos últimos anos
-ambicioso, atual e extremamente necessário.
Quem não o assistiu no cinema,
terá hoje uma chance de fazê-lo
pela TV. Depois pode comparar
"A Agenda" (2001) com "O Adversário" (2002), realizado pela
atriz Nicole Garcia, em cartaz em
São Paulo. Ambos se inspiraram
numa mesma história real que comoveu a França há algum tempo:
a de um homem que fingiu durante anos ter um emprego e,
quando foi desbaratado pela família e os amigos, protagonizou
uma tragédia horripilante.
A comparação, além de curiosa,
pode ser útil, pois permite ver a
distância que separa um diretor
atento ao seu mundo, como é
Cantet, de um diretor preocupado principalmente com o seu próprio filme, como ocorre com Nicole Garcia.
A primeira coisa que os difere é
a intenção que levou os diretores a
filmar. Garcia encara a tragédia
real sobretudo como uma oportunidade para o exibicionismo dramático dos atores e de si mesma
como diretora.
Cantet vê nessa tragédia uma
motivação para refletir, com os
recursos únicos do cinema, sobre
uma situação social precisa e
exemplar.
Garcia transforma a história
progressivamente num labirinto
psicológico, fechando-nos entre
as quatro paredes de razões interiores insondáveis. Cantet, ao
contrário, expande a narrativa para uma perspectiva política, descobrindo pouco a pouco como
uma cruel ordenação econômica
maquina por detrás das representações sentimentais e familiares.
"O Emprego do Tempo" (nome
em francês de "A Agenda") é um
filme que tem tanto a dizer à França, onde está em crise a lei que reduziu para 35 horas o trabalho semanal, como ao Brasil, onde o desemprego atormenta as consciências.
A AGENDA. Quando: hoje, às 23h05, no
Telecine Emotion.
TV ABERTA
Gérard Depardieu é pai-herói em filme inglês
Meu Pai Herói
SBT, 13h50.
(My Father the Hero). Inglaterra, 1994, 90
min. Direção: Steve Miner. Com Gérard
Depardieu, Katherine Heigi, Dalton
James, Lauren Hutton. Menina
adolescente e mimada, passando férias
com o pai, faz o que pode e o que não
pode para comover o jovem bonitão a
quem paquera. Entre outras, inventar
histórias que transformam o pai em
amante violento.
O Barbeiro que se Vira
Cultura, 15h30.
Brasil, 1957. Direção: Eurides Ramos.
Com Arrelia, Eliana, Paulo Goulart,
Fregolente. Além de barbeiro, dentista,
farmacêutico, veterinário etc. de uma
cidadezinha do interior paulista, Arrelia
também é o cupido da história, tratando
de favorecer o amor entre Paulo Goulart
e Eliana, ao qual se opõe o tutor da
garota. Comédia.
El Mariachi
Bandeirantes, 20h30.
(El Mariachi). EUA, 1993, 81 min. Direção:
Robert Rodriguez. Com Carlos Gallardo,
Consuelo Gómez. A fama do filme
repousa sobre a suposição (pouco
plausível) de que teria custado US$ 7 mil.
Em todo caso, a história do seresteiro
confundido com um criminoso na
fronteira entre México e EUA não vale
muito mais do que o anunciado.
A Morte Não Manda Recado
Bandeirantes, 23h30.
(The Ballad of Cable Hogue). EUA, 1970,
121 min. Direção: Sam Peckinpah. Com
Jason Robards, Stella Stevens. À beira da
morte, Hogue é salvo e começa uma
nova vida, graças à água que encontra no
deserto. Mas eis que o tempo das
diligências vai chegando ao fim, dando
vez ao dos automóveis. Peckinpah às
voltas com um de seus temas favoritos, o
Velho Oeste crepuscular.
A Fortuna de Ned
Globo, 0h30.
(Waking Ned Divine). Irlanda/Inglaterra,
1998, 90 min. Direção: Kirk Jones. Com
Ian Bannen, David Kelly, Fionnula
Glanagan. Retrato de uma aldeia
irlandesa, tomando como pretexto a
história de um habitante que morre ao
saber que ganhou uma fortuna na loteria
e a reação dos outros 51 habitantes do
local. Inédito.
(IA)
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