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Globo põe mais "mel" às 19h
Canal conclui que, quanto mais romance, mais a novela das 7 tem ibope; "Da Cor do Pecado" acaba dia 27 com recorde histórico
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Pitadas de humor e aventura para os teens, edição versátil com estética de história em quadrinhos.
Isso tudo é importante, mas não
adianta fugir: o que o telespectador quer acompanhar mesmo é
uma boa e velha história de amor.
Essa receita de novela das sete
começou a ser desenvolvida na
Globo há cerca de dois anos, e o
canal considera que tenha ficado
pronta -e perfeita- na atual
"Da Cor do Pecado".
Para a próxima, "Começar de
Novo", que estréia dia 30, decidiu
testar um aumento da pitada de
"mel", investindo prioritariamente num triângulo amoroso com os
quarentões Marcos Paulo e Natália do Valle e a novata Gisele Itiê.
Com os encontros e desencontros de uma relação de amor inter-racial, "Da Cor do Pecado"
termina no próximo dia 27 com o
maior recorde de audiência no
horário desde o Plano Real (1994),
quando houve um "boom" na
venda de aparelhos de TV no Brasil e o perfil do telespectador sofreu grandes alterações.
Desde então, o Ibope passou a
registrar oscilações significativas
e as emissoras tiveram de repensar completamente as suas programações. Os telejornais de
"mundo cão" e os DNAs do Ratinho atraíram o público com sua
versão do "mundo real". O formato foi cansando, e a audiência
voltou a buscar nas novelas um
descanso para tanta "realidade".
Das três novelas exibidas pela
Globo, a das sete foi a que mais
passou por mutações. Recentemente, a emissora sofreu duas decepções no Ibope, com a confusa
"As Filhas da Mãe" (2001) e a violenta "Desejos de Mulher" (2002).
Em 2002, "O Beijo do Vampiro"
começou a colocar a horário nos
eixos novamente. Com um pouco
de romance e muito humor, registrou 31 pontos no Ibope nacional
e 55% de share (audiência dentre
as TVs ligadas no horário). A dose
de amor (e de homens sem camisa) aumentou na novela seguinte,
"Kubanacan" (2003). A audiência
também: 39 pontos com 63%. O
recorde veio com a ainda mais romântica "Da Cor do Pecado", que
registra 47 pontos com 72% das
TVs ligadas (resultados até o capítulo 162, fase atual de "Da Cor").
A expectativa da Globo é que a
escala romance/audiência prossiga com "Começar de Novo", de
Antonio Calmon e Elizabeth Jim.
Pelo perfil da audiência do horário das sete, a mulher está no
centro da demanda por romance.
Dos telespectadores, 63% são do
sexo feminino, e 37%, do masculino. A faixa etária mais presente é
dos maiores de 50 anos: são 26%
da audiência, seguidos por 22%
de público entre os 35 e os 49
anos. Telespectadores de 12 a 17
anos formam uma fatia de 11%.
Ou seja, por mais "teen" que a novela das sete possa parecer, não é
possível ignorar que quem domina o sofá são os mais velhos.
E a trama desse horário tem de
contemplar os sonhos da classe
média brasileira. A maior parte
dos que a assistem (43%) são pessoas da classe C, seguidas de 29%
da AB e de 28% da DE.
Repetir de novo
Além de mais "mel", a nova novela repetirá ingredientes de "Da
Cor" apontados como positivos
em pesquisas com grupos de telespectadores. A relação inter-racial é um deles. Depois de Preta
(Taís Araujo) e Paco (Reynaldo
Gianecchini), "Começar de Novo" terá o negro Guilherme Bernard e a branca Júlia Lohman.
Com o grupo de discussão, a
Globo concluiu que o público se
identifica com as diferenças retratadas pela novela e considera positivo abordá-las, uma forma de
incentivar a tolerância.
A trama também tentará repetir
o sucesso do núcleo cômico de
"Da Cor", formado pela família
Sardinha, já cogitada até para tema de minissérie e filme. Em "Começar de Novo", o papel ficará a
cargo de Marília Pêra e Luiz Gustavo, Vó Doidona e Vô Doidão. E
tudo começará de novo.
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