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TELEVISÃO
Com humor macabro, "Nip/Tuck" usa cenas ousadas de operações
Série ri de cirurgia plástica
ALESSANDRA STANLEY
DO "NEW YORK TIMES"
A única pergunta que os telespectadores devem fazer sobre a
série "Nip/Tuck", drama na linha
"Miami Vice" sobre dois inescrupulosos cirurgiões plásticos da
Florida (EUA), é "por quê?".
Por que a Fox é a única rede a tocar na obsessão americana pelas
cirurgias plásticas? A ABC tomou
o caminho mais fácil com o "reality show" "Extreme Makeover"
(exibido no Brasil pela Sony); no
entanto, a busca pela juventude
eterna é ignorada ou subestimada
pela televisão.
Até surgir "Nip/Tuck". Suas cenas de cirurgias são tão ousadas
quanto as de sexo, e muito mais
repugnantes que qualquer coisa
em "E.R.". No primeiro episódio,
um implante nas nádegas, um aumento de seios e uma reconstrução facial são retratados sem pudores. A série é atípica, mas assim
como em "The Shield" -sobre
policiais corruptos-, temos jovens e talentosos cirurgiões que
não salvam e nem melhoram vidas. "Nip/Tuck" é um drama sem
pretensões intelectuais, repleta de
humor negro.
A maioria dos pacientes são
mulheres belas, neuroticamente
inseguras, que precisam de um
hobby, e não de operações. Nem é
preciso dizer que os dois deploráveis cirurgiões são atraentes.
O criador da série, Ryan
Murphy, teve a idéia enquanto fazia reportagem sobre cirurgiões
plásticos, merece crédito extra
porque conseguiu romantizar a
área até satirizá-la. "Nip/ Tuck"
pega um cenário tão inexplorado
quanto os coveiros de "Six Feet
Under" ("A Sete Palmos"), mas
com menos formalidades.
No primeiro episódio, Sean
(Dylan Walsh), o médico mais
convencional, suspeita que seu
cliente latino-americano, que
procura um novo rosto, tem uma
imagem distorcida de si mesmo.
Ele deixa o cliente para seu parceiro, o amoral Christian (Julian
McMahon), que logo conclui que
se trata de um traficante que precisa de nova identidade.
Sexo e violência, é claro, estão
na mistura. Não demora muito
para um vingativo traficante
achar usos mais criativos para o
botox, por exemplo.
Os telespectadores não precisam se preocupar que "Nip/
Tuck" possa legitimar as cirurgias
plásticas -a série tem um aviso
de precaução. A produção faz essas operações parecerem glamourosas, mas também miseráveis e
mesquinhas. E não há dúvidas de
que o trabalho dos personagens é
tolo ao máximo e revoltante na
maior parte do tempo.
NIP/TUCK. Quando: estréia dia 17, às
22h, no canal Fox.
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