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Fotógrafo leva "atitude de NY" a Paraty
Bruce Gilden, da Magnum, participa de evento na cidade fluminense e busca "caras malvados" para retratar no país
CRISTINA LUCKNER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Sou conhecido por fazer fotos muito de perto. E, quanto
mais velho fico, mais perto chego. Tento dizer mais mostrando menos", diz o americano
Bruce Gilden, há dez anos na
Magnum Photos.
Gilden, 61, é um "street photographer" (fotógrafo de ruas) e
trabalha com fotografia há 40
anos. Seu estilo se baseia em
captar imagens como são, sem
pose ou manipulação do objeto.
A fascinação pelas ruas e seus
personagens começou quando
era criança e observava, da janela do segundo andar do apartamento onde morava no
Brooklyn, em Nova York, o fluxo lá embaixo. "Fui fisgado."
Estudou sociologia, mas, ao
assistir a "Depois Daquele Beijo" (1966), filme de Michelangelo Antonioni sobre um fotógrafo e a discussão sobre a percepção da realidade, resolveu
se dedicar à fotografia.
Ele mira a grande angular naqueles que chamam a sua atenção nas ruas, seja em Nova
York, na Índia, na Irlanda, no
Haiti ou no Brasil, onde estará
pela primeira vez nesta quinta,
dia 11, para ministrar o workshop "Street Smart: Fotografia
de Rua", no Festival Internacional de Fotografia Paraty em
Foco, que acontece de amanhã
a domingo, em Paraty.
"Sempre quis vir ao Brasil",
diz o fotógrafo, "para poder
concluir meu próximo projeto,
um livro com retratos dos "caras malvados", que venho amadurecendo há algum tempo".
Durante a palestra, ele deve
mostrar algumas de suas séries
de retratos, como os do livro
"After the Off" (1999) -uma
colaboração com o escritor
Dermot Healy que retrata a vida dos freqüentadores de corridas de cavalos na Irlanda.
Bruce Gilden foi premiado na
Europa, no Japão e nos Estados
Unidos. Tem oito livros publicados com personagens haitianos, japoneses, irlandeses, ciganos, fashionistas e, claro, nova-iorquinos. "Nasci em Nova
York e tenho a atitude nova-iorquina que levo para os países
em que fotografo, que inspira
meu olhar. Sou um fotógrafo
provocador por isso."
Lado oeste
Gilden considera NY seu
projeto de vida. Lá, caminha
com o "radar" ligado -sempre
do lado oeste da rua, algo que
não sabe explicar-, à procura
do próximo retrato.
Para Gilden, fazer uma foto é
um processo físico e dinâmico.
"Me movimento, ajusto meu
corpo para conseguir o melhor
ângulo, algo que a idade agora
dificulta", diz, com bom humor.
O uso do flash em seu trabalho tem a função de isolar o objeto em primeiro plano. A luz o
ajuda a visualizar e definir os
sentimentos que tem pela cidade. "A energia, a ansiedade. Minhas imagens falam da condição da sociedade."
O fotógrafo gosta da elegância que a ausência de cor empresta a suas fotos. "Enxergo
em preto-e-branco", brinca, "e
isso me faz responder a outros
estímulos que não a cor. Estou
mais ligado a formas, detalhes
de uma situação".
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