|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Morta há duas décadas, autora de 21 telenovelas continua presente até hoje no horário nobre da Globo
20 anos com Janete Clair
LAURA MATTOS
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
ALVARO LEME
DA REPORTAGEM LOCAL
Dica a quem quer conhecer ou
recordar o estilo de Janete Clair,
cujas novelas bateram os primeiros recordes de audiência da TV:
veja "Celebridade", na Globo.
Morta há duas décadas, em 16
de novembro de 1983, a autora segue como forte influência da teledramaturgia brasileira e tem como principais seguidores Gilberto Braga, autor da atual novela das
oito, e Glória Perez, de "O Clone"
(2001/02). Hoje no time VIP de escritores, os dois iniciaram a carreira sob os ensinamentos "clairianos". Braga, 57, assinou "Bravo!" (1975/76) com ela. Perez, 55,
era sua colaboradora em "Eu Prometo" (1983). Com a morte da autora, escreveu o desfecho da história com Dias Gomes (1922-99),
marido de Janete.
"A Glória é mais próxima pelo
estilo passional. Ela pode sacrificar a coerência em função da
emoção. Em "O Clone", o personagem ia ao Marrocos e voltava em
dois dias. Já o Gilberto herdou os
conflitos bem amarrados, personagens que, mais tarde, revelam
uma ligação do passado com outros", diz Mauro Ferreira, autor
de "Nossa Senhora das Oito - Janete Clair e a Evolução da Telenovela no Brasil" (editora Mauad), a
ser lançado na próxima semana.
Braga tem da novelista a crítica
social, as cenas de ação, o mistério. "Quem matou Odete Roitman?", de sua "Vale Tudo" (88/
89), recriava o "Quem matou Salomão Hayala?", de "O Astro", escrita por Janete Clair em 78.
Perez ficou com os romances
impossíveis, dilemas da ciência.
Seus "O Clone" e "Barriga de Aluguel" (90/91) têm como antepassado "O Homem que Deve Morrer" (71/ 72), que falava de um
transplante de coração, cirurgia
nova no Brasil da época.
O fim dos castelos
Janete Clair nasceu em 1925 e foi
batizada Jenete (o escrivão não
entendeu o sotaque árabe de seu
pai) Stocco Emmer. Começou a
atuar como radioatriz e autora de
radionovelas nos anos 40 e adotou o nome artístico em razão da
música "Clair de Lune". Em 45,
conheceu o dramaturgo Dias Gomes, à época radioator, com
quem ficou casada até morrer.
Criou 31 radionovelas, principalmente na Rádio Nacional. Em
64, escreveu a primeira história
televisiva, para a Tupi. Mas foi na
Globo que se consagrou, com 18
novelas. Na emissora, inaugurou
a era pós-Glória Magadan, autora
cubana das histórias de castelos,
com heróis de capa e espada.
Os originais da obra de Janete,
guardados por Dias Gomes até
sua morte, estão atualmente no
guarda-roupa de um de seus filhos, Alfredo, 43. É uma pilha interminável de pastas, com originais datilografados pela escritora
nas únicas duas máquinas que
usou na vida. Os papéis sofrem
ação do mofo e de traças. "Tentamos parcerias para guardar o material em local adequado. Seria
ótimo se algum instituto nos ajudasse a preservá-lo", diz Alfredo.
Na semana passada, equipe do
"Fantástico" registrou a montanha de papéis. Se não for cortada,
a imagem estará em reportagem
sobre a autora, na edição de hoje.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Neta faz cinema e tentará seguir carreira na TV Índice
|