São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA RESTAURANTE

Tanger reabre em novo endereço

Casa muda de ponto, mas mantém pratos que mostram vertente marroquina da cozinha árabe

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Numa cidade com profusão de restaurantes árabes de tradição libanesa dominante, a vertente marroquina é rara. E é precisamente a especialidade do Tanger, que está de casa nova.
Sua história começou com a avó da chef de cozinha Ariela Doctor, Paulette, que nasceu no Marrocos e em 1956 mudou para Paris com o marido e a filha, Dina. Quando esta tinha 15 anos, vieram para o Brasil, onde ela casou e teve a filha Ariela.
As três mulheres abriram o Tanger. A avó, com 80 anos, está mais afastada, mas continuam na ativa Dina Doctor e a filha, Ariela, que se formou em rádio e TV mas hoje dedica-se à cozinha. Seu marido, Caio Caseiro, também está no restaurante.
A nova casa continua na Vila Madalena, agora na agitada rua Harmonia, e guarda algumas semelhanças com a antiga -por exemplo, a distribuição das mesas e sofás em diferentes pisos e ambientes, agora com uma varanda aberta para a rua.
O cardápio, que não é longo, tem o clássico cuscuz marroquino e algumas variações, mas também alguns pratos de ar mediterrâneo.
Fiel à tradição de oferecer pequenos e variados bocados, ele começa propondo mezzès tradicionais, como coalhada seca (mais pastosa que cremosa), zaalouk (pasta de berinjelas grelhadas com especiarias) e tchotchouka (refogado de pimentões com tomates e especiarias).
Ainda nesse espírito de pequenas porções, há entradas como briouats, crocantes pasteizinhos de massa brick recheados com carne, atum ou linguiça merguez com queijo branco e espinafre, um bom começo de refeição.
A merguez, tradicional linguiça de cordeiro que pode ser pedida como porção de aperitivo, é especialmente boa no Tanger. Tem gosto de especiarias, é tenra (e não seca e dura como é bem comum) e vem num delicado molho acebolado.
O prato de resistência é o cuscuz royal, mas nesse caso ele é servido com somente uma carne (cordeiro), sem merguez e frango, que habitualmente fariam parte da receita e lhe dão a generosa opulência típica da região.
O caldo do cozimento dos legumes é um pouco ralo para os padrões de hoje, mas o cordeiro é bem cozido. Além do cuscuz de sêmola, também é acompanhado, como de hábito, por legumes cozidos, amêndoas torradas, frutas secas, grão-de-bico, cebola dourada e uvas-passas.
O cordeiro também é saboroso no tagine, um cozido com cebolas, amêndoas torradas, canela, gengibre e gergelim, que pode ser servido com ameixas (e fica mais adocicado), ou numa versão com alcachofra sempre acompanhado de cuscuz.
Existe no cardápio uma seção de "pratos contemporâneos", em que entram adaptações como o couscous marinho, em que a sêmola vem com um refogado de camarões, lulas, mariscos, pimentões vermelhos, tomates frescos e azeite extravirgem. Mas decepciona quem imaginava um caldo de peixe umedecendo o conjunto, quando é apenas um refogado, mesmo, com pescados passados do ponto. Hora de pular nas doces sobremesas do Oriente.

josimar@basilico.com.br

TANGER

ENDEREÇO r. Harmonia, 359, Vila Madalena, tel. 0/xx/11/ 3037-7223
FUNCIONAMENTO de ter. a qui., das 12h às 15h e das 19h à 0h; sex. e sáb., das 12h à 1h; dom., das 12h às 17h
AMBIENTE casa rústica e agradável
SERVIÇO corre normalmente
VINHOS a oferta não é muito grande e, curiosamente, não tem nenhum vinho dos países árabes
CARTÕES A, D, M e V
ESTACIONAMENTO com manobrista, R$ 14
PREÇOS entradas, de R$ 9 a R$ 25; pratos, de R$ 14 a R$ 44,90; guarnições, de R$ 6 a R$ 16; sobremesas, de R$ 7,50 a R$ 11


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