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Com atraso, Rappa lança seu 7º disco
Primeiro CD de inéditas da banda desde 2003 tem 14 canções gravadas de modo "artesanal", "como se fazia antigamente"
Falcão, o vocalista, afirma que o "grande sonho" do grupo é "ser como os Paralamas'; "Eles não estão tocando por dinheiro"
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
"O negócio é ter o espírito,
querer fazer um disco novo para construir uma obra, não por
obrigação. Esse disco foi adiado
três vezes, era para ter saído no
ano passado."
A frase é de Xandão, guitarrista da banda carioca O Rappa,
e se refere à criação do recém-lançado "7 Vezes", o sétimo álbum de um dos mais longevos e
bem-sucedidos grupos da geração anos 90.
O guitarrista e o restante da
banda -o cantor Falcão, o baterista Lobato e o baixista Lauro- estão reunidos com a Folha em um estúdio em São Paulo, onde fazem show no próximo dia 20, no Credicard Hall,
para falar sobre o primeiro álbum de inéditas desde "O Silêncio que Precede o Esporro"
(2003) -entre eles, houve o
"Acústico MTV" (2005), que os
manteve em turnê até agora.
"Na estrada, você acaba perdendo a noção do tempo. Então, o momento de começar um
disco novo surge naturalmente", diz Lauro. Lobato exemplifica melhor: "É como a vontade
de ir ao banheiro, é fisiológico.
Você sabe que tem que fazer
naquela hora".
Falcão é quem situa a obra
dentro da carreira da banda.
"Lançamos "O Silêncio..." num
momento em que duvidavam
da gente, porque [achavam
que] o Rappa era o Yuka", diz,
referindo-se ao ex-baterista,
compositor e principal letrista
do grupo, que foi baleado em
novembro de 2000, ficou paraplégico e deixou a banda no fim
de 2002, após brigas internas.
"Com o "Acústico", pegamos
nossa geração de fãs e, por ele
ser visto pelas rádios como coisa mais leve, conquistamos
também uma galera mais velha." Entre um disco e outro,
perderam o produtor Tom Capone, com quem trabalhavam
desde 2001, morto em um acidente de moto, em 2004.
"Chegou um dia em que não
tínhamos mais Tom Capone, o
"Acústico" já tinha passado, tínhamos conquistado o novo
público, e chegou o momento
em que veio um tapa nas costas
do tipo "agora, é com vocês"."
Modelo Paralamas
Deixados por conta própria,
os quatro se mostraram prolixos: gravaram uma centena de
bases de canções e foram agrupando-as em três categorias
-"forno" (para as "quentes"),
"esquisito" e "geladeira" (para
as que seriam descartadas).
Depois de muita votação,
chegaram às 14 canções que
formariam o disco (incluindo
uma versão de "Súplica Cearense", de Nelinho e Gordurinha), e começaram a gravá-lo
"de modo artesanal, como se fazia antigamente, tocando cada
faixa por inteiro", diz Xandão.
Tanto o disco quanto seu
processo de criação ficaram ao
gosto da banda. Mais do que um
novo álbum, o Rappa diz ter encontrado um novo rumo como
músicos, como produtores, como banda. E é Falcão quem cita
o modelo a ser seguido.
"Nunca perdemos o foco na
vontade de tocar. Nosso grande
sonho é ser como os Paralamas.
Olho o Bi, o Barone e o Herbert
e vejo que não estão tocando
por dinheiro, mas porque são
músicos. Se o cara sobe no palco pensando em pagar as contas, vai estar sempre devendo."
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