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Crítica
De Palma faz criação de fato, não enfeite
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
São poucos os criadores que
sobrevivem atualmente nesse
moedor de carne que é a indústria do cinema americano sem
abrir concessões. Há George
Romero, John Carpenter, Clint
Eastwood. E mais uns poucos.
Nenhum talvez seja tão radical
quanto Brian de Palma.
Tomemos "Dália Negra"
(TC Cult, 17h45; não recomendado para menores de 16 anos).
É um filme de moleque. De Palma é capaz de criar um "travel-ling" alucinante (quando, por
exemplo, atravessa toda uma
rua em busca da imagem da
mulher morta) para contar
uma história praticamente incompreensível como esta.
Que importa? Se a vida e a
morte (ao menos a desses personagens) são incompreensíveis, por que deveria o filme ser
diferente? Afinal, sempre haverá os Christopher Nolan para
fazer o cinema mastigadinho
com cara de coisa profunda.
Enquanto existirem os De
Palma, os Cronenberg -esses
malucos que não passam nem
na porta do Oscar, o cinema estará garantido. Será criação de
fato, não enfeite.
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