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Rio vê arte barroca de Rubens
Com entrada franca, Centro dos Correios expõe 80 gravuras de um dos maiores artista do século 17
Temas religiosos, maior marca do pintor flamengo, além de retratos de nobres, paisagens e auto-retrato, estão expostos até outubro
CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Em tempos de arte conceitual, instalações e videoarte, as
gravuras são consideradas uma
forma de expressão artística
quase obsoleta. Na Europa do
século 17, entretanto, essas reproduções em preto-e-branco,
versões reduzidas dos quadros
originais, eram peças fundamentais para a difusão das
obras dos pintores.
"Naquela época, o único jeito
de ter conhecimento de obras
de arte era por meio de gravuras. Era a forma de tornar o trabalho conhecido para o público
e, também, de os próprios artistas trocarem informações sobre estilo, temas e composições. A gravura tinha uma importância que a gente não consegue mais imaginar hoje", diz
Pieter Tjabbes, um dos curadores da mostra "Rubens e seu
Ateliê de Gravura", que abre
hoje para convidados e amanhã
para o público no Centro Cultural dos Correios, no Rio.
A exposição reúne 80 gravuras de um dos maiores expoentes do barroco europeu, Peter
Paul Rubens (1577-1640), pintor nascido na Alemanha e radicado em Flandres (região da
Bélgica).
Todas fazem parte do acervo
do Siegerlandmuseum, localizado em Siegen, na Alemanha,
cidade natal do artista. A diretora da instituição, Ursula
Blanchebarbe, divide com
Tjabbes a responsabilidade pela curadoria da mostra.
"Emoções fortes"
Reafirmação da fé católica
impulsionada pela Contra-Reforma, a arte barroca se manifestava na pintura em obras de
caráter religioso caracterizadas, nas palavras do curador,
"pelo desequilíbrio, pelo movimento e pela expressão de
emoções fortes em oposição às
composições estáticas da pintura renascentista".
Cenas do Velho e do Novo
Testamento e representações
das vidas de santos e da Virgem
Maria são os temas predominantes nas gravuras expostas.
Há, também, retratos feitos
sob encomenda para os nobres
das cortes a que Rubens serviu
como pintor oficial, além de registros de familiares do pintor
em momentos íntimos, um auto-retrato e algumas paisagens
que ele começou a retratar já
no fim de sua vida, quando
comprou um castelo em uma
região campestre.
Assim como muitos de seus
quadros, as gravuras de Rubens
eram executadas por assistentes que trabalhavam em seu
ateliê, com base em desenhos
preparados pelo pintor e sob a
sua supervisão.
Realeza
Artista ligado às cortes do duque de Mântua, na Itália, do rei
de Espanha e do regente das
províncias espanholas nos Países Baixos, muitas vezes Rubens viajava pela Europa em
missões diplomáticas.
"Nessas viagens, ele levava
gravuras para dar a possíveis
clientes, principalmente nobres e clérigos. Elas serviam como exemplo da excelência e da
alta qualidade de suas pinturas.
Daí certamente resultaram
muitas encomendas", diz o curador Tjabbes.
Aproveitando-se de sua proximidade com a realeza, Rubens criou um artifício para
evitar que a ação de copistas o
prejudicasse comercialmente.
"O direito autoral não era reconhecido por lei como um direito moral, mas Rubens conseguiu uma carta do rei que lhe
dava o privilégio de ser o único
autorizado a fazer cópias de sua
própria obra", conta o curador.
Embora não tenha acabado
totalmente com a "pirataria",
Rubens garantiu, assim, a autenticidade das gravuras produzidas em seu ateliê. Na exposição do Centro Cultural dos
Correios, 57 das 80 obras têm a
chancela real, que pode ser
identificada em letras miúdas
na parte inferior das gravuras.
RUBENS E SEU ATELIÊ DE GRAVURA
Quando: de hoje a 19/10; ter. a
dom., das 12h às 19h
Onde: Centro Cultural dos Correios
(Rua Visconde de Itaboraí, 20, Centro, RJ; tel. 0/xx/ 21/ 2253-1580
Classificação indicativa: livre
Quanto: entrada franca
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