São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2011 |
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"Terraferma" traz dramas da imigração Exibido hoje no Festival de Cinema do Rio, longa italiano ganha prêmio em Veneza e disputa vaga no Oscar Emanuele Crialese diz tratar de "questão do século" no filme, rejeitado por mostrar o lado ruim da Itália
MARCO AURÉLIO CANÔNICO DA SUCURSAL DO RIO Verão de 2009, ilha de Lampedusa, Itália. O cineasta Emanuele Crialese trabalhava no roteiro de "Terraferma", que o Festival do Rio exibe hoje, quando viu nos jornais notícia que exemplificava o problema que pretendia abordar em seu longa. Um barco com 80 imigrantes africanos a caminho da ilha -vista como porta de entrada para a Europa- passara três semanas à deriva, sendo ignorado por outras embarcações. Quando chegou à costa, apenas sete tripulantes estavam vivos. No episódio, Crialese encontrou não apenas um reforço às suas convicções de que a imigração é "quase que a questão do século", mas também a pessoa que precisava para interpretar um dos papéis centrais. A africana Timnit T., única mulher entre os sete sobreviventes, foi escalada para viver na tela uma história semelhante à que conheceu na vida real. "Imigração é um tema muito moderno e importante", disse o diretor à Folha no Rio. "Para mim, movimento é progresso e creio que todos têm o direito de se mover na Terra, especialmente nessa era globalizada. Mas algumas pessoas aparentemente não podem ir a lugar algum." O diretor diz que não quis abordar o problema por seu viés político, mas tratá-lo por meio de uma metáfora, "como um conto de fadas, a partir do ponto de vista de quem recebe os imigrantes". O longa é centrado em uma família italiana, habitante de uma ilha que vive do turismo -e que, portanto, recebe com a força da lei os imigrantes que deságuam em suas praias afugentando os veranistas. "Terraferma" venceu o prêmio especial do júri no Festival de Veneza de 2011 e foi o indicado da Itália para tentar uma vaga na disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro. "Boa parte dos críticos não gostou da indicação. Disse que a Itália seria representada mostrando sua pior parte. Esperam que você mostre o lado bom do país. Então o filme acabou sendo visto com um viés político." TERRAFERMA PRODUÇÃO Itália/França, 2011 DIREÇÃO Emanuele Crialese QUANDO hoje, 19h15, no Odeon (pça. Floriano, 7, Cinelândia, Rio, 0/xx/21/2240-1093); qui., 13h e 17h20, no Estação Sesc Ipanema 1 (r. Visconde de Pirajá, 605, 0/xx/21/2279-4603); dia 17, às 14h30 e 21h15, no Estação Sesc Rio 2 (r. Voluntários da Pátria, 35, Botafogo, 0/xx/21/2226-1986) Texto Anterior: Mostra de Cinema de SP enxuga programa para priorizar inéditos Próximo Texto: Crítica/Erudito: Temporada da Filarmônica de NY abre com solo de Alan Gilbert Índice | Comunicar Erros |
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