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Tributo mostra fascínio por cantora
Recém-lançada nos EUA, homenagem bancada pela Verve, com produção de Phil Ramone, chega ao Brasil nos próximos dias
Sem apelar para remixes, álbum tem tom (justificável) de reverência; Ella Fitzgerald surge em gravação inédita, em duo com Stevie Wonder
Olegario Pérez de Castro - 23.fev.1966/Efe
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A cantora americana em 1966, durante apresentação em Madri; sucessos como "A-Tisket, A-Tasket' e "Lady Be Good' estão em CD |
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ela cantava com elegância e
equilíbrio, sem exagerar nas
emoções. Os músicos admiravam a inventividade de seus
improvisos vocais. Os compositores a adoravam, porque seus
versos eram interpretados por
ela com o máximo de fidelidade. Por essas e outras, ninguém
mereceu mais o título de "primeira dama da canção" do que
Ella Fitzgerald (1917-1996).
O fascínio que essa intérprete norte-americana exerceu
por mais de cinco décadas não
se apagou com seu afastamento
dos palcos e estúdios, no início
dos anos 90. Até cantores bem
jovens, que se destacam hoje
nas cenas do jazz e do pop, como Jamie Cullum, Madeleine
Peyroux ou Amy Winehouse, já
declararam publicamente serem fãs de Ella.
Essa admiração também fica
evidente no CD "We All Love
Ella: Celebrating the First Lady
of Song", tributo musical bancado pela gravadora Verve para
comemorar os 90 anos que Ella
teria completado neste ano.
Recém-lançado nos Estados
Unidos, chega ao mercado brasileiro, pela Universal, nos próximos dias.
Com produção assinada pelo
experiente Phil Ramone (trabalhou com Ray Charles, B.B.
King e Bob Dylan), o álbum
reúne uma dúzia de estrelas do
jazz, do blues e do pop, que interpretam canções imortalizadas pela diva.
A própria Ella também aparece em uma faixa-bônus: a inédita versão de "You Are the
Sunshine of My Life", gravada
em duo com Stevie Wonder,
no festival de Nova Orleans,
em 1977.
Sem DJs nem remixes
Ramone não cedeu à tentação de "modernizar" o repertório de Ella Fitzgerald para fisgar o público mais jovem, armadilha que já comprometeu
tributos similares. Clássicos
são atemporais, não precisam
ser atualizados.
Sem apelar para DJs, remixes nem batidas eletrônicas,
Ramone deu ao projeto um tom
de reverência plenamente justificável: afinal, raros cantores
demonstraram o respeito e a fidelidade que Ella dedicava às
canções que interpretava.
Natalie Cole abre o CD com
"A-Tisket, A-Tasket" (canção
de ninar que se tornou o primeiro sucesso de Ella, em
1938), lembrando o tom pueril
da gravação original, em arranjo para big band. Mais pessoal,
Chaka Khan exibe a sua afinidade com o jazz em "Lullaby of
Birdland". As duas retornam
mais adiante, em um duo meio
teatral e recheado de "scats"
(vocais onomatopaicos), em
"Mr. Paganini".
Outra expert nos scats é
Dianne Reeves, que esbanja
elegância e suingue, em "Lady
Be Good". Queen Latifah, que
ultimamente tem preferido o
jazz ao hip hop, se sai bem em
"The Lady Is a Tramp", cantando com doçura.
Já Diana Krall derrama seus
suspiros e trejeitos sensuais em
"Dream a Little Dream of Me",
bem acompanhada pelo piano
sofisticado de Hank Jones.
Aliás, não faltam bons músicos
nos arranjos, como Russell Malone (guitarra), Regina Carter
(violino) e Alan Broadbent
(piano), entre outros.
Também há surpresas, como
a novata Ledisi, que lembra o
estilo de Dinah Washington.
Além de arrasar nos scats, sua
versão de "Blues in the Night"
vai deixar muitas veteranas
com inveja.
K.D. Lang também surpreende, interpretando "Angel Eyes"
com suavidade, acompanhada
por cordas. E a jovem Lizz
Wright afirma sua personalidade, ao criar uma versão etérea
de "Reaching for the Moon".
Já as participações do afetado galã Michael Bublé e da cantora country Linda Ronstadt
seriam dispensáveis, mas não
chegam a comprometer o conjunto da homenagem.
WE ALL LOVE ELLA
Intérpretes: Dianne Reeves, Diana
Krall, Natalie Cole, K.D. Lang, Lizz
Wright, Queen Latifah e outros
Gravadora: Verve/Universal
Quanto: a definir
Avaliação: bom
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