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FILMES
TV PAGA
Comédia evoca a Hollywood dos anos 60
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Podemos dizer de "Abaixo o Amor" que é um mero carbono de "Médica, Bonita e Solteira", bela comédia feita por Richard Quine no começo dos anos 60.
Mas podemos ver a coisa com mais generosidade. Quando vemos uma comédia dos anos 60, podemos observar um momento em que os costumes sexuais começavam a mudar. Daí que observamos uma sexóloga lançando um livro e fazendo muito sucesso. E, ao mesmo tempo, um jornalista marrom disposto a mais ou menos tudo para desmoralizá-la.
É a luta do homem para manter o domínio sobre o mundo e, ao mesmo tempo, a luta dos reacionários contra os novos costumes.
Ora, como isso poderia nos interessar no século 21? Nesse meio tempo veio a pílula, a maternidade tornou-se uma opção e a profissionalização feminina hoje é praticamente compulsória.
No entanto, interessa. Interessa, entre outras coisas, porque aqui não é mais desses problemas que se trata. A evocação é que é o centro de tudo.
O que "Abaixo o Amor" nos traz de volta é, antes de mais nada, um momento de grandeza de Hollywood. Era quando os filmes aspiravam retratar a vida de pessoas comuns (ou encontrar o que há de incomum em nós comuns). Hoje aspira a retratar gnomos e congêneres.
Não só isso: vivemos no pós-pílula, no pós-feminismo, no pós-tudo. No entanto, o combate entre Renée Zellweger e Ewan McGregor está aí para nos lembrar que afinal não mudamos tanto assim: homens e mulheres continuam a se encontrar, a amar, a sofrer -tudo como antes.
Se a história parecer previsível, é o caso de o espectador não se aborrecer com isso. O êxito dessas comédias, nos anos 60, vinha em boa parte de sua previsibilidade.
ABAIXO O AMOR. Quando: hoje, às 15h20, no Telecine Premium.
TV ABERTA
Primeiro 007 define os parâmetros da série toda
007 contra o Satânico Dr. No
SBT, 12h25.
(Dr. No). Inglaterra, 1962, 111 min.
Direção: Terence Young. Com Sean
Connery, Ursula Andress, Joseph
Wiseman. O primeiro 007 é o filme que
define todos os parâmetros: o tipo de
James Bond, o gosto por "gadgets",
mulheres bonitas, velocidade e
modernidade em geral. E também os
supervilões, como o dr. No. Nada, no
entanto, equivale à saída da água de
Ursula Andress, antológica.
Ace Ventura 2 - Um Maluco na
África
Globo, 13h05.
(Ace Ventura: When Nature Calls). EUA,
1995, 90 min. Direção: Steve Oedekerk.
Com Jim Carrey, Ian McNeice. O primeiro
"Ace Ventura" era uma bobagem, mas
tinha certo encanto. Aqui, Ace Ventura
vira produto, vai à África e sai em busca
de um animal sagrado dos nativos.
Enfim, desce a ladeira.
O Santo Milagroso
Cultura, 16h30.
Brasil, 1966, 115 min. Direção: Carlos
Coimbra. Com Leonardo Villar, Dionísio
Azevedo. Um padre e um pastor, com
muitas divergências religiosas, têm de se
encontrar às escondidas para exercitar
sua paixão comum, o xadrez. Em certa
ocasião, para não serem descobertos, o
pastor tem de se esconder sob a imagem
de um santo. Nasce daí a série de mal-entendidos, de que se nutre esta
comédia social-religiosa.
A Vingança do Mosqueteiro
Record, 20h15
(The Musketeer). EUA, 2001, 104 min.
Direção: Peter Hyams. Com: Catherine
Deneuve, Mena Suvari, Tim Roth,
Stephen Rea e Justin Chambers. Em
busca de vingança pelo assassinato de
seus pais, o jovem D'Artagnan retorna à
sua cidade natal para integrar a guarda
de elite dos mosqueteiros do rei.
Shiner
Bandeirantes, 21h45.
Inglaterra, 2000, 99 min. Direção: John
Irvin. Com Michael Caine, Frances Barber,
Matthew Marsden. Vigarista (Caine)
conta com o filho (Marsden), lutador de
boxe, para tirar o pé da lama. Mas, numa
luta em que tem como certa a vitória do
rapaz, ele perde. Haveria motivos
escusos por trás disso?
Bater ou Correr
SBT, 22h35.
(Shangai Noon). EUA, 2000, 110 min.
Direção: Tom Dey. Com Jackie Chan,
Owen Wilson, Lucy Liu. Guarda imperial
chinês acaba no Velho Oeste, em busca
da princesa seqüestrada por malfeitores.
Faroeste, mais caratê, mais comédia.
A Sombra do Vampiro
Globo, 0h35.
(Shadow of the Vampire). EUA/
Inglaterra, 2000, 83 min. Direção: E. Elias
Merhige. Com Willem Dafoe, John
Malkovich. Em 1922, F.W. Murnau
(Malkovich) filma o clássico "Nosferatu",
em que Max Schreck (Dafoe) interpreta o
célebre vampiro. Homenagem ao
realista obsessivo que foi Murnau. Belo
filme. Inédito.
O Mais Longo dos Dias
Bandeirantes, 0h45.
(The Longest Day). EUA, 1962, 170 min.
Direção: Ken Annakin, Andrew Barton,
Bernhard Wicki, Darryl Zanuck, Gerd
Oswald. Com John Wayne, Rod Steiger,
Robert Ryan, Robert Mitchum, Henry
Fonda. Embora reunindo um número
quase infinito de diretores, este é um
projeto personalíssimo do produtor
Darryl Zanuck. Além dos nomes citados
acima, o elenco, realmente "all star", é de
tirar o fôlego. O filme, ao contrário, que
descreve com minúcias os preparativos e
peripécias da invasão da Normandia em
junho de 1944, o célebre Dia D, arrasta-se
penosamente. Em outros tempos,
ganhou uma frase antipublicitária criada
por cinéfilos: "O mais longo dos dias e o
mais chato dos filmes". Em todo caso,
produção cuidadíssima e de muito
sucesso a seu tempo. P&B.
(IA)
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