São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2011 |
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Peças em série Grupo de teatro faz sucesso em SP com adaptações de "Sex and the City" e "Gossip Girl"; "Melrose Place" estreia neste ano
LUCAS NEVES DE SÃO PAULO Carrie Bradshaw, quem diria, acabou na Brigadeiro. Que não se entenda por Brigadeiro alguma butique do Little Brazil nova-iorquino pela qual a protagonista de "Sex and the City" (1998-2004) possa ter passado para provar decotes e adereços inspirados nos trópicos. O CEP aqui é bem outro. Carrie agora deita a falar sobre suas aflições sentimentais na pouco glamourosa avenida Brigadeiro Luís Antônio, centro de São Paulo. É verdade que o ruído dos ônibus, a gritaria dos flanelinhas e o desacerto arquitetônico da área desbotaram um bocado a fleuma fashionista. Ah, sim, e os cosmopolitans que eram seu passatempo etílico deram lugar a cervejas no pé-sujo Frangaria -cortes no orçamento, sussurram fontes próximas. Mas todo sábado, no teatro Bibi Ferreira, lá está ela a tecer a crônica sexual da vida alheia (e própria) em "Sex and the Sampa - A Paródia". A protagonista, veja só, até abrasileirou o nome: virou Karen. Samantha engrossa o currículo de predadora erótica agora sob a alcunha de Sandra. Miranda e Charlotte foram mais longe: trocaram de sexo. E Mister Big (aqui Mister P), que brincava de gato e rato com Carrie em Manhattan, hoje a persegue nas liquidações de moda do Bom Retiro (ok, talvez não tanto). A "importação" do quarteto e de suas errâncias sentimentais é obra do ator, diretor e dramaturgo Alexandre Biondi. Fascinado pela dramaturgia do americano Tennessee Williams (1911-1983), estreou na direção com uma reunião de textos curtos dele. Depois, assinou uma trilogia a partir da biografia do autor. "Drama no Brasil é difícil [em termos de bilheteria]. Só dá se tiver um nome grande no palco", diz ele. "Éramos elogiados, mas não pagávamos nossas contas." A Cia. Marquesa, criada por Biondi, trilhou então a rota da comédia, "que traz mais notoriedade e grana", nas palavras do diretor. Como os direitos de textos nacionais eram negociados a "preços exorbitantes", ele achou por bem encenar uma obra de sua própria lavra. Criou o conceito de "comédia-seriado", com dramaturgia alterada a cada três meses a partir de anedotas da plateia, e cogitou montar uma releitura da "sitcom" "Friends". Desistiu. Por indicação de uma amiga, leu "Sex and the City", o best-seller de Candace Bushnell que originou o programa de TV. Biondi afirma que procurou a autora para "viabilizar as histórias originais do livro, não as da série". A editora Record, que publicou "Sex" no Brasil, não confirma o contato entre as partes. A FILOSOFIA DE SAMPA "Sampa" teve três encarnações, de nomes bem menos chamativos, antes da atual: "Filosofia do Sexo", "Filosofia do Sexo 1 1/2" e "Filosofia do Sexo 3 Turbo". Em quatro anos, acumulou público de 25 mil pessoas. O diretor diz que penou para liberar o título atual na Sbat (Sociedade Brasileira de Autores) -só conseguiu depois de incorporar a "Sex and the Sampa" o aposto "A Paródia". A Sbat não tem registro da negociação. Em cena, Biondi e cia. dilatam a definição de paródia, enxertando "cacos" e chamando a plateia para o jogo a toda hora. Esgarçam o fiapo de narrativa com piadas que repisam preconceitos e números musicais que fariam Samantha decretar greve de sexo. O Frankenstein resultante tem partes de "Sai de Baixo" e "Zorra Total". O bom público de "Sampa" deu confiança ao diretor para apostar de vez no filão. "A Garota do Blog" estreou em 2010 tendo como molde a série "Gossip Girl", febre teen. Na versão exibida no SBT, o programa tem como subtítulo o nome da peça. E Biondi promete um "thriller romântico" decalcado de outro hit adolescente, "Melrose Place", para o segundo semestre de 2011: "Levados pelo Desejo". Fãs de Amanda e dr. Michael, t(r)emei. Colaborou CLARICE CARDOSO Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: "Parece mistura de "Malhação" com "Rebelde'", diz fã de "Gossip Girl" Índice | Comunicar Erros |
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