|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TV PAGA
Kitano celebra o amor dilacerado em "Dolls"
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Se ontem foi o Dia dos Namorados, hoje é dia de ressaca. Parece
até ironia, mas "Dolls", de Takeshi Kitano, é o destaque deste domingo do Telecine Emotion.
Ironia porque "Dolls" versa sobre amores fracassados, amaldiçoados. Emoção o filme tem de
sobra. A maior delas é a tristeza silenciosa. O território em que Kitano caminha vem dilacerado por
uma hecatombe, habitado por almas penadas. Se no Dia dos Namorados os casais vão a restaurantes para celebrar, os três pares
centrais de "Dolls" não têm outra
alternativa a não ser se deixar manipular por um destino infeliz.
Na primeira história, um rapaz
abandona sua namorada de longa
data, em busca de sucesso fácil em
um casamento arranjado. Ela tenta o suicídio, sobrevive, mas
enlouquece. Ele volta, e os dois
irão caminhar, incomunicáveis,
como mendigos, pelas ruas. É o
casal que mais se dá bem no filme.
A segunda história traz um chefão da Yakuza que faz um balanço
de vida. Irá se lembrar da namorada que abandonou há décadas,
que continua esperando, também
enlouquecida, pela sua volta. Na
terceira, um fã de uma cantora
adolescente resolve cometer um
sacrifício em nome de sua paixão.
Há ainda um deficiente físico que
percorre as ruas -igualmente
devastado e dependente de um
certo tipo de amor.
Kitano faz uma associação que
beira o banal -no amor, principalmente, somos guiados por
uma força invisível, assim como
um boneco de teatro é comandado por um titereiro.
Impera a lógica do haicai, só para citar um item mais óbvio da
cultura japonesa. Há o respeito
pela simplicidade narrativa, e raciocínios (aparentemente) mais
complexos são evitados. Ao final,
somos todos espectadores, atônitos e impotentes, como o segurança do mafioso que não impede
uma desgraça. Kitano instaura o
silêncio enganador. Indiferente
não dá para ficar.
DOLLS. Quando: hoje, às 22h, no
Telecine Emotion.
TV ABERTA
Coppola une jazz e gângsteres em "Cotton Club"
As Loucas Aventuras de James West
SBT, 13h30.
(Wild Wild West). EUA, 1999, 107 min.
Direção: Barry Sonnenfeld. Com Will
Smith, Kevin Kline, Salma Hayek,
Kenneth Branagh. Smith e Kline são os
pistoleiros designados para desvendar
trama liderada por cientista louco que
inclui, entre outros, o assassinato do
presidente dos EUA. Estamos no Velho
Oeste e numa tentativa canhestra de
comédia.
A Carrocinha
Cultura, 16h30.
Brasil, 1955, 98 min. Direção: Agostinho
Martins Pereira. Com Mazzaropi, Doris
Monteiro, Adoniran Barbora. Um
Mazzaropi logo após o colapso da Vera
Cruz, onde ele faz um laçador de
cachorros no interior que, depois de ficar
noivo, muda sua atitude e passa a
perseguir os cães com fervor para
conseguir um extra. Nomes importantes
na produção: Walter George Durst é o
roteirista. Jacques Dehenzelein, o
fotógrafo. Simonetti faz a música. Isso
além de Adoniran. P&B.
Guerreiros das Sombras 2
Record, 20h15.
(Shadow Warriors 2 - Hunt for the Death
Merchant). EUA, 1998, 94 min. Direção:
John Cassar. Com Terry Hogan, Shannon
Tweed, Carl Weathers. Os três guerreiros
acima combatem terrorista dotado de
armas químicas. Louve-se a economia.
Normalmente, usa-se um Exército inteiro
para isso.
Hell
SBT, 22h.
(In Hell). EUA, 2000, 96 min. Direção:
Ringo Lam. Com Jean-Claude van
Damme, Lawrence Taylor. Van Damme é
mandado para uma prisão, na Rússia,
que é um verdadeiro inferno. No mais,
dali é impossível fugir. E quem conseguir
o impossível não conseguirá escapar ao
campo minado que se segue ao inferno.
Mas eles não sabem o que é tratar com
Van Damme, evidentemente. Inédito.
A Aposta
Bandeirantes, 21h.
(The Match). Inglaterra, 1999, 96 min.
Direção: Mick Davis. Com Max Beesley,
Isla Blair. Numa vilazinha inglesa, dois
bares que disputam ferozmente a
freguesia decidem que um jogo de
futebol vai substituir as disputas
anteriores.
Todos os Homens do Presidente
Bandeirantes, 0h.
(All the President Men). EUA, 1976, 138
min. Direção: Alan J. Pakula. Com Robert
Redford, Dustin Hoffman, Martin Balsam,
Jason Robards. A aventura dos
jornalistas Bob Woodward e Carl
Bernstein, do jornal "Washington Post",
que levantam o caso Watergate (invasão
do diretório democrata), por ordem do
então presidente Richard Nixon. O caso
levará Nixon à renúncia, e o assunto é tão
bom que até Alan Pakula parece se
interessar por ele.
Cotton Club
Globo, 0h30.
(The Cotton Club). EUA, 1984, 127 min.
Direção: Francis Ford Coppola. Com
Richard Gere, Gregory Hines, Nicolas
Cage. Um encontro entre o jazz e os
gângsteres, num famoso clube do
Harlem onde se reuniam grandes
mestres da música e grandes assassinos.
Mas um lugar onde a democracia racial
vigorava, afinal. Um belo musical de
Coppola, recebido com frieza a seu
tempo.
A Mão
SBT, 1h.
(The Hand). EUA, 1981, 104 min. Direção:
Oliver Stone. Com Michael Caine, Andrea
Marcovicci, Annie McEnroe, Bruce McGill
Viveca Lindfors e Rosemary Murphy. Em
seu primeiro filme realmente
profissional (após se consagrar como
roteirista de "O Expresso da Meia-Noite"), Stone investe no thriller de
horror, com a história da mão de um
cartunista que, depois de ser decepada,
ganha vida própria. E violenta.
(IA)
Texto Anterior: Astrologia - Barbara Abramo Próximo Texto: José Simão: Buemba! É o Feriadão da Gandaia! Índice
|