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Abaixo as tendências!
Diretor da São Paulo Fashion Week diz que a função do evento, que começa hoje, não é dizer o que os consumidores devem usar
Divulgação
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Trabalho da artista Janaina Tschäpe, parte da obra "Água Viva"; a imagem ilustra a capa da próxima "ffwMAG!", revista da SPFW, cujo tema deste ano será a água |
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você é um escravo da moda e fica esperando as fashion
weeks para saber quais serão as
tendências da próxima temporada ditadas pelos estilistas e os
críticos, pode se preparar, enfim, para a sua libertação.
"Não existem mais tendências. Se a cor da estação é o preto ou o cinza, isso não tem a menor importância." Quem afirma é o empresário Paulo Borges, diretor da São Paulo Fashion Week (SPFW), cuja edição
primavera-verão 2008 começa
hoje no Pavilhão da Bienal e vai
mostrar coleções de 47 grifes.
Ele vai mais longe. "Não espero que os estilistas da SPFW
sigam tendências. Se algum o
fizer é porque não está sendo
inteligente nem criativo", diz.
Para que serve, então, uma
semana de moda? Na opinião
de Borges, para mostrar a criação individual. "O papel do estilista é ter idéias. O consumidor
não quer se orientar por tendências, ele quer ter liberdade
de escolha. Se existe tendência,
foi o próprio consumidor quem
criou, sem saber que estava fazendo, não o estilista", declara.
Borges faz eco à percepção
que se espalhou mundialmente
nos últimos tempos de que a
produção de tendências saiu
das mãos dos estilistas e grifes.
Elas nascem menos nas passarelas do que nas ruas, produzidas pelos próprios consumidores e como resultado de uma
série de novos estímulos.
"As tendências acabaram
quando o mercado descobriu
muitos outros focos de atuação.
Com tanta diversidade, não dá
para resumir a moda em uma
ou outra tendência", diz o estilista Mario Queiroz, da SPFW.
Mas a questão não é consenso entre os designers do evento.
Na opinião do estilista André
Lima, o consumidor precisa da
"bússola das tendências". "São
elas que o orientam na hora da
compra, sem anular a liberdade
de escolha", afirma. Ele ressalta
que as tendências mostradas na
SPFW estão cada vez mais focadas nas coisas brasileiras do
que nas passarelas mundiais.
Borges diz que não tem receio de a SPFW não ser considerada um evento difusor de
tendências. "Sem tendências,
tudo fica mais instigante. As
pessoas têm que olhar individualmente para o todo. E o que
vale é a paixão e a inventividade
de cada designer." Com o que
concorda o estilista Tufi Duek,
da Forum: "A função do evento
é incentivar a criação individual para que o país e as marcas
tenham o reconhecimento de
sua própria identidade".
Borges está prestes a abandonar a organização da SPFW,
que ele dirige há mais de 20
anos. Dentro em breve, o maior
evento de moda do país será
coordenado por pessoas de sua
confiança. Ele ficará apenas no
comando estratégico da SPFW
e vai se dedicar mais ao InMod
(Instituto Nacional de Moda e
Design), do qual é presidente.
"O InMod vai propor projetos de curto, médio e longo prazo ao Brasil. A indústria têxtil
está 30 anos atrasada no país, e
os estilistas precisam acabar
com a sua choradeira", diz.
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