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CINEMA
Walmor Chagas é premiado por conjunto da obra em Gramado
SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A GRAMADO (RS)
Prêmios são acontecimentos traiçoeiros. Habituado a
eles, o ator Walmor Chagas,
76, ponderou sobre o valor
do troféu Oscarito que o 36º
Festival de Gramado lhe deu,
anteontem. "Estou felicíssimo, um pouco até encabulado, porque não sei se a obra
cinematográfica que fiz merece um prêmio", diz Chagas.
Com diversos filmes no
currículo, Chagas conta apenas dois como protagonista
-"São Paulo S.A." (1965), de
Luiz Sérgio Person, e "Valsa
para Bruno Stein" (2007), de
Paulo Nascimento. Ele também fez o papel principal de
"Um Homem Célebre"
(1974), de Miguel Faria Jr.,
mas acha que o filme não foi
o que deveria ter sido.
A homenagem em Gramado fez o ator recordar sua voluntária saída de cena, em
1970, depois de viver "Hamlet" no teatro, papel que lhe
valeu o Molière. O prêmio
não aplacou a decepção de
Chagas com o próprio desempenho. "Era uma insatisfação pessoal, artística."
Ele fez o caminho de volta
ao Rio Grande do Sul, de onde saíra aos 22, para seguir a
carreira em São Paulo. Comprou um piano, foi morar no
sítio do pai e estudou textos
de Camões até concluir que,
na frustração que teve com
"Hamlet", "o problema era
de Shakespeare", ou melhor,
era encená-lo em outra língua que não o inglês, tirando
a musicalidade do texto.
Depois de repassar suas
memórias, Chagas subiu ao
palco do Palácio dos Festivais e recebeu seu Oscarito.
Diante da platéia, que o
aplaudia de pé, levou a mão
ao peito e espirou.
"É uma sensação estranha,
emocionante", disse. "Quis
ser ator de cinema. Aos 34,
me convidaram para meu
primeiro filme. Fiz os filmes
que fiz, com o cinema acontecendo tão esporadicamente na minha vida. Agora vocês me dão essa certeza de
que tudo pode acontecer, até
você sonhar em ser ator e se
transformar num ator."
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